Negar isso é negar a vida.
Mas, abraça-la...
Consegues abraça-la?"
~ Titan in "I Kill Giants"
"Todas as coisas que vivem neste mundo morrem. É por isso que deves encontrar alegria na vida, enquanto o tempo é teu, e não temer o fim.
Negar isso é negar a vida. Mas, abraça-la... Consegues abraça-la?" ~ Titan in "I Kill Giants" Quando te lanças ao encontro de ti, fixas-te na ideia de ti, na tua história, nos teus desejos, ou nas infinitas possibilidades de ti?
Quando a amizade é incondicional, livre de procura no outro da satisfação das necessidades pessoais, não há tempo que a esqueça nem distância que a separe. E cada reencontro será sempre uma continuidade natural do anterior.
Não se pode dar o que não se tem, assim como parece ser dificil receber o que não se reconhece.
A mente tem aquela genial capacidade de criar problemas, fazendo-nos crer que são reais, e depois encontrar soluções para os problemas que criou, apenas para justificar a sua majestosa existência.
Tão mais extraordinário seria simplesmente aproveitar o momento tal como é. Mark Twain escreveu um dia a seguinte frase, mais tarde popularizada por Winston Churchill: - "Vivi uma vida longa e passei por muitos problemas, muitos dos quais nunca aconteceram.." A resistência mudança é visível em tantos contextos, e ainda assim ocorre permanentemente.
Observo, por vezes, essa resistência à luz da identificação com o passado, com a história que se conta. Parece que, num dado momento, a mudança implica deixar de ser quem sempre se julgou ter sido. Mas quando se questiona essa identidade ela cai facilmente por terra. "És sempre assim?" "Que outras coisas tens sido ao longo do tempo?" "Que outras coisas tens sido noutros contextos?" Observo também a resistência à luz do hábito, dos costumes, da rotina. São coisas diferentes, mas a estrutura é a mesma: o conforto do que se conhece, o eficiência do esforço, o saber com o que se pode contar. Mas sem a experiência, sem o desconhecido, não existiria aprendizagem e evolução. Mudar hábitos, alterar costumes, quebrar rotinas é uma boa forma de gerar novas perspectivas e novas soluções. Observo, igualmente, a resistência à luz da consistência. E vejo tantas vezes o sofrimento da manutenção de uma decisão passada com o medo de mostrar fraqueza, inconstância ou instabilidade. Mas o custo desse medo é tão elevado que se perdem momentos de felicidade na descoberta e vivência do que realmente importa. Talvez seja fácil mudar. Afinal, mudar implica somente um passo nalguma direcção, ou naquela determinada direcção. Talvez a dificuldade seja lidar com a nossa ilusória ideia de mudança, de deixar para trás o que já foi e abraçar o que vier, de largar os medos e alcançar aquela oportunidade de descoberta, de aprendizagem, de maravilha na concretização de algo novo e arrojado. Ou talvez seja apenas a descoberta de algo sobre nós próprios, e que alguns temem desvendar. Mudar é obrigatório?
Definitivamente... não! Não é obrigatório. É inevitável! Por mais que faças por não mudar, a mudança acontece independentemente da tua vontade. A vida "lá fora" continua, o teu corpo desenvolve-se, os teus pensamentos fluem, a tua energia flutua. Há movimento, e movimento é mudança. É a vida em ação. Mudar não significa melhorar. É apenas uma mudança. E está em ti a criação e escolha de caminhos que façam das mudanças melhorias. Muitas vezes isso não vai acontecer, e é uma aprendizagem. Muitas vezes, vai acontecer, e é uma aprendizagem! E toda esta experiência é maravilhosa. A quietude é sinónimo de ausência de mudança? A vida continua e com ela todas as mudanças da vida. É um estado de observação, interna e/ou externa. Parece, nessa quietude, que tudo para. No fundo, é apenas a não resistência a todas as mudanças. Quando escolhemos fluir, não resistir ao que é, experienciamos esta sensação de quietude. Não seria bom parar por uns momentos? Que tudo parasse para podermos respirar e aliviar o stress... Esta é uma pergunta que vem, precisamente, de um ponto de resistência. Quando se resiste, tudo custa. Tudo exige um esforço enorme. É uma luta constante. E sim, nesses momentos surge a fantasia de que se tudo parasse, mesmo que por breves momentos, podemos respirar e abrandar o ritmo. Parar! Mas isso parece não resolver a questão de base, e se fosse possível, assim que tudo voltasse ao movimento, também a luta, o esforço, a resistência ao que é. Então, a solução não é parar, até porque isso é impossível. É deixar ir. É fluir. É aceitar. E é escolher. A quietude permite isso mesmo. A sensação de se parar, observar, sentir, escolher. É como encostar numa estação de serviço para abastecer o depósito de combustível numa longa viagem. Não é parar per se. O movimento permanece. A vida continua. É recuperar energia. É activar recursos. É alinhar as ações com as intenções mais profundas. É viver os teus valores mais significativos através do sentido natural do teu ser. E não seria bom poder parar tudo? É uma falsa questão na medida da sua aparente impossibilidade, Ainda assim, podemos divagar sobre o assunto... Num dos mergulhos de profundidade tive uma experiência inesperada durante a subida à superfície. Numa das paragens para descompressão, olhei à volta, para cima e para baixo, e não consegui encontrar qualquer referência que me indicasse a minha posição, profundidade, distância a qualquer coisa, e a única indicação de orientação eram as bolhas de ar a subir. Isso baralhou-me o sistema. Sem referências externas os sentidos ficam confusos e podem até causar náuseas. A mesma experiência é relatada por presos que passaram por solitárias em completa escuridão e silêncio. A ausência quase total de estímulos cria disfunção no nosso sistema. E nesse contexto, todo o nosso foco orienta-se na criação de movimento, na busca de algum estímulo externo que nos sirva de referência. Parar tudo significa a ausência de referências, pois tudo deixaria de servir como tal. As referências existem como pontos de comparação a um movimento (entenda-se movimento num sentido mais lato, como a sequência de pensamentos por exemplo). Sem pensamentos, sem ações, sem emoções nem sentimentos, sem experiências e sem aprendizagens. Estagnação pura. O momento em que tudo voltasse ao seu movimento natural, continuaria o processo no ponto em que este havia parado. Logo, a paragem seria ineficaz e completamente inútil. Então... não faz sentido desejar que tudo parei por momentos... Talvez o desejo mais profundo não seja parar e sim mudar para algo com sentido, algo que nos transmita a sensação de satisfação e felicidade. Por vezes estamos tão imersos naquilo que fazemos, seja isso pouco ou muito, que nos esquecemos de "parar", ou seja, ligar-mo-nos à tal quietude. Respirar fundo, observar, sentir, definir uma orientação clara e forte - uma intenção, propósito, missão, o que lhe quiseres chamar. E essa paragem, essa quietude, apenas acontece quando deixas de lutar, de te esforçar, e passas a aceitar as coisas como são. Isso não é o mesmo de inação. Não significa concordar ou resignar. Aceitar é ver as coisas como são, nem piores nem melhores do que são. É uma observação limpa de interpretações e julgamentos. É é nessa aceitação que ganhas a possibilidade de agir no teu sentido, fluindo como que é, sem luta. Quando acedemos à quietude, o que acontece? Numa só palavra: Gratidão! Aquele momento em que te agarras à tua ideia de ti que está no passado, sem compreenderes ainda a amplitude da inevitável mudança que estás a abraçar e que receias viver.
Quem és tu?
Quem, aí bem no fundo, na tua essência, és tu? O que define a tua identidade? Hoje, em conversa sobre quem achamos que somos, descobrimos que somos o que somos - algo intangível, intocável, indefinível neste nosso plano de existência. Parece que, tudo aquilo que conseguimos identificar é de alguma forma mutável, temporário e redutor da nossa extraordinária existência. E com base em padrões construídos ao longo do tempo, da experiência, dos reflexos percepcionados, de ideias romantizadas e tantos outros ideais e suposições, assumimos identidades que nos limitam e condicionam de alguma forma. E enquanto nos mantivermos agarrados a essas ideias feitas, com medo de explorar e descobrir algo além desses limites, dificilmente conseguiremos vislumbrar novos horizontes, assumir outras possibilidades, caminhos, e eventualmente aquilo que efectivamente é natural assumir a cada instante. E no fundo, sempre soubemos que há um outro e novo lado por explorar... O que farias agora se não acreditasses naquilo que dizes que és? Em conversa, falávamos de comportamentos, crenças e emoções.
Talvez possamos observar no lugar de pressupor, e operar em cada contexto com base no que está a acontecer em vez daquilo que aconteceu. É que, o que aconteceu, já foi, e o que está agora a acontecer pode já não ter nada a ver com o que foi. Quando operamos num contexto com base no que já foi, estamos a filtrar a nossa observação com base no passado, perdendo assim informação que pode ser valiosa no sucesso da interacção presente. Quando ages num dado contexto, num relacionamento pessoal ou profissional, ages com base no que é ou com base no que foi? E quais os resultados que tens face aos resultados que queres ter? |
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