As estruturas repetem-se! O comportamento de uma comunidade é análoga ao comportamento de um dos seus indivíduos, da mesma forma que o comportamento da humanidade, no seu todo, é análoga ao comportamento de um qualquer ser humano. As necessidades são as mesmas. Os comportamentos são os mesmos. As consequências são as mesmas. E cada um de nós corresponde a uma das pequenas partes de nós mesmos quando enfrentamos os mesmos dilemas, as mesmas tentações, as mesmas dúvidas, as mesmas aspirações. E há um ponto de viragem, um ponto de não retorno a cada decisão tomada. E esse ponto é encontrado de acordo com o número de partes que a tomam, e assim influenciam todas as restantes partes numa dada direcção nesta complexa rede de influências.. O sentido de justiça percepciona-se como sendo universal, mas na verdade tem um significado único e pessoal, inerente à visão, valores, crenças e sentimentos de cada um, e por vezes a cada momento.
Aquilo que muitos exigem - justiça - é, na essência, utópico, pois não há como criar um sentido universal de justiça perante um acto irreversível. A menos que esse sentimento de justiça se dissocie da comum busca de compensação do dito acto. Só se está verdadeiramente só na ausência de conexão interior.
Ao juntarmos as primeiras peças de um puzzle, ficamos com uma ideia da visão global da cena.
E depois surge aquela peça que muda toda a visão! Em tempos idos, houve um homem astuto, criativo e de inteligência acima do comum, que ambicionava ter uma determinada relíquia preciosa na sua posse. Essa relíquia era comercialmente valiosa, mas o seu valor real para esse homem era unicamente egocêntrica. Conseguir aquele vaso revelaria a sua extraordinária capacidade de superar o impossível!
Essa peça, um vaso muito antigo e raro, encontrava-se num museu, cuidadosamente guardado por sistemas de segurança de ultima geração e vigilância permanente. O homem, sendo astuto, criativo e extremamente inteligente, desenhou um plano infalível durante anos, com o intuito de obter a sua relíquia. Todo o seu foco se centrava na obtenção daquela peça rara e única. No dia e hora marcados no calendário, pôs o seu plano em marcha, com todos os detalhes cuidadosamente estudados e planeados, e nunca mais se ouviu falar nesse indivíduo. Desapareceu, misteriosamente. Um amigo especial, que sabia da sua ambição, sorriu, pela concretização da façanha do seu amigo, imaginando-o numa ilha tropical a gozar da sua relíquia em antecipada reforma. Anos mais tarde, numa remodelação de parte do museu, foi encontrado o homem astuto, entalado entre duas paredes e agarrado ao vaso. Observo muitas vezes, e em mim também, que passamos demasiado tempo a observar as sombras... e a julgar e a decidir com base nessas mesmas sombras. Nesses momentos, esquecemo-nos que essas sombras são apenas o reflexo de algo iluminado pela luz...
Por vezes observo nas pessoas uma dedicação quase obsessiva no ter de fazer. "Tenho de fazer isto", "tenho de fazer aquilo", "tenho de conseguir"... e quando questionadas sobre o motivo que as leva a "ter de" fazer, os olhares são normalmente de quase indignação, como se quem pergunta pelo motivo não perceba a realidade da vida. E respondem algo como "Então... não tem de ser assim?", sem qualquer motivação associada. Tem de ser, e pronto. É suposto. Faz parte.
Talvez lutemos demais pelas coisas que achamos que temos de fazer, que temos de ter, que temos de conseguir ou até ser... quando na verdade poderíamos simplesmente querer. É que, quando descobrimos o que realmente queremos, a luta transforma-se em fluidez, e o sentido de obrigação num sentimento de naturalidade e vontade própria. |
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