Certeza ou Curiosidade? Hoje deparei-me com esta questão, e rapidamente saltei para a curiosidade. É que a certeza fecha-nos, limita-nos numa estrutura rígida, e não progride. A curiosidade, por outro lado, abre espaço, explora horizontes, "cria pontes". Fiquei feliz com a minha Certeza da Curiosidade. E é provável que me tenha limitado nessa certeza... Obrigado pela inspiração. A vida é muita vezes como o bolo alimentar. Agarramo-nos a ideias e crenças e desejos e mastigamos sem fim. Mastigamos e quebramos em partes mais pequenas, em papa. E em vez de darmos seguimento, continuamos a mastigar. As coisas perdem sabor, perdem cor, perdem cheiro, perdem forma... e tornam-se desagradáveis. Mas continuamos a mastigar, como se isso fosse obrigatório. Como se isso fosse o que deveria ser. Mastigamos porque não queremos engolir. Não cuspimos porque achamos errado, feio, desrespeitador... ou porque de alguma forma nos incutiram que isso é desistir, e desistir nunca! Estamos num impasse. Não cuspimos nem engolimos. E então mastigamos. E por vezes mastigamos durante anos, décadas... Por vezes torna-se normal, um costume, parte da vida. Mas não é. Estamos apenas a manter uma coisa que não queremos ou temos medo de assumir ou de saborear. E continuamos a mastigar. Sabemos, no nosso íntimo, que ao continuarmos a mastigar estamos a adiar o inevitável, a negar um processo, a negarmos-nos a nós próprios. E continuamos a mastigar. Não engolimos porque não queremos, porque temos medo, porque não sabemos como será depois. E se fizer mal? E se fizer bem? E o que mastigamos depois disto? Será pior? Será melhor? Não cuspimos porque já trincámos, e deitar fora é feio. Achamos errado. Achamos que é desistir. Achamos que é dar um passo atrás. Achamos que é contradizer o que antes achamos certo. O medo impede-nos de avançar. O erro impede-nos de avançar. E mais importante que engolir e descobrir, mais importante que cuspir e seguir em frente, é desistirmos de nós mesmos, da nossa capacidade de saborear a vida, de viver cada momento com intensidade, com todos os sabores e aromas e cores. E mastigamos este bolo alimentar sem sabor, sem cheiro, sem cor. Porque isso é mais importante, não é?
Se te puseres a pensar em coisas negativas, sentes-te mal.
Se te puseres a pensar em coisas positivas, sentes-te bem Se te puseres a pensar em coisas mais ou menos, sentes-te mais ou menos. Parece que aquilo em que pensamos, as nossas alucinações privadas e pessoais, comandam o nosso estado. E... quem comanda os pensamentos? Nesta altura deves estar a pensar em como tudo isto pode ser fantástico e uma absoluta farsa, não é? É que, "se fosse assim tão fácil, podíamos gerir o nosso estado a qualquer momento." Esta é a típica resposta que recebo tantas vezes ao referir a aparente simplicidade deste processo. E é aqui que se encontra o ponto essencial: nem tudo o que é simples, é fácil. O processo é simples. Aquilo em que pensas, ou seja, onde colocas o teu foco, determina o teu estado. Fazê-lo num curto espaço de tempo também é fácil. Fazê-lo de forma duradoura, nem sempre, embora possível e já o fizeste várias vezes também. É que, aquilo em que pensas repetidamente parece estar associado a um conjunto de crenças sobre a vida, necessidades emocionais e experiências passadas. E isso é mais profundo. Ainda assim, experimenta lá brincar agora com estas mudanças de pensamentos, e observa as alterações no teu estado: entre tristeza ou felicidade, insegurança ou confiança, fraqueza ou força, introverção ou extroversão... de entre muitos outros estados. Imagina agora as possibilidades... Hoje quis colocar-me em efeito!
Ao final da 3ª hora de treino intensivo, observei que o meu rendimento baixou drasticamente. Não que o resultado final fosse muito melhor se estivesse mais fresco. O exercício do desafio em causa não é, de todo, o meu forte. Ainda assim, quis colocar-me em efeito. Muitas vezes faço brincadeiras destas: 3 treinos seguidos, cada um de 45 a 60 minutos. Por norma, coloco uma sessão de Yoga ou Pilates pelo meio, de forma a trabalhar mais a postura, equilíbrio e mobilidade. Mas desta vez fui mais arrojado - 3 horas (quase 3 horas) de treino intenso, cada treino a terminar com um desafio de elevada intensidade. Foi brutal! E entenda-se "brutal", neste contexto, como algo de MUITO BOM! Do caraças! Magnífico! Extraordinário! Absolutamente incrível! Mas no fim, estava eu no balneário com os restantes atletas do terceiro treino, e exclamei a seguinte frase com ar visivelmente desolado enquanto pegava no telemóvel para registar o meu resultado do desafio: "Estou cansado. E neste desafio estive muito fraco. Apetece-me dizer que é da idade! Posso?" E sentei-me no banco, a respirar fundo e a registar o resultado. Os que já me conhecem riram-se. É habitual alguns atletas desculparem-se com a idade para justificar resultados menos bons. E esse é o momento em que os desafio: "Queres mesmo falar de idades?" Quando descobrem que são 10 ou mais anos mais novos que eu, desculpam-se com o facto de terem estado parados "uns anitos", 5 ou 6, sem fazer nada, e que só recomeçaram há um ano e picos. "Queres comparar com os mais de 20 anos que estive sem actividade física?" - questiono eu. Depois vem a desculpa da vida sedentária, do peso a mais que já tiveram e que entretanto já estiveram a perder. "A sério que só tinhas 10 kgs a mais? Olha que eu tive mais de 20 do que tenho hoje. Até para atar os atacadores tinha de encontrar coragem." Depois vem a desculpa de estarem parados ao longo do dia, e que colocar o corpo a funcionar ao final da tarde depois disso não é fácil. "Eu também trabalho sentado, praticamente todo o dia. É isso que fazes também, certo?" - insisto eu. Então vem a desculpa da genética, do stress do dia, da alimentação, ou qualquer outra cena que justifique o "baixo desempenho". A verdade é que o desempenho tem pouco a ver com isto. Não é o desempenho de cada um que está em causa. Uns serão sempre melhor que outros, e está tudo bem. A questão é como cada um de nós se liga e entrega aos seus próprios desafios. E hoje, eu, com todo o conhecimento desta cena toda, apeteceu-me mandar tudo ao alto e dizer que é da idade. Simplesmente não me apeteceu assumir a minha responsabilidade pessoal pelo resultado - "Não sou eu, é a idade!" Nem assumir que, nalgumas vezes, o corpo não rende o mesmo, seja porque razão for (stress, alimentação menos saudável, pouco descanso, treino intenso demasiado prolongado, cansaço, ...) - "A idade já não permite certas aventuras." E nem sequer observar especificamente o que acho que correu menos bem, para desenvolver estratégias e planos para agir na melhoria nessas áreas - "Com esta idade nem vale a pena. É assim, pronto." Ri-me com os meus amigos atletas, assumi que esta cena da idade é mesmo e só uma cena, uma bela de uma desculpa para não trabalhar no sentido de concretizar as minhas metas, a minha satisfação atlética. E se quero mesmo lá chegar, então, a idade pode ser um factor, mas não será, certamente, o único nem o mais determinante. Até porque, comparativamente a alguns outros atletas 10 anos mais novos, tenho muitas vezes resultados muito superiores. Será da idade? E depois descubro sempre atletas mais velhos com desempenhos incríveis. Será da idade? A questão aqui é: podes-te colocar em efeito sempre que te fizer sentido, seja em que área for. É uma escolha. Mas não te escudes atrás disso como justificação para não chegares onde queres. Ou queres, ou não queres. Ou consegues, ou não consegues, Assume. E o que quer que assumas, está tudo bem. Fica bem com isso. Está tudo bem em não quereres dedicar-te tanto a uma (ou várias!) determinada actividade. Esta tudo bem em não conseguires uma determinada característica. Está tudo bem em não conseguires aquele resultado. Aliás, o resultado em si é até irrelevante. Relevante é o que estás na disposição de fazer para conseguires aquilo com que te queres comprometer. E é o teu compromisso pessoal. Só teu! E isso, sim... isso vale tudo! Escolhe os teus compromissos, lida com eles como entenderes que faz mais sentido para ti, e diverte-te no processo. Eu divirto-me imenso nos meus treinos, mesmo nos mais intensos, mesmo nos que me deixam de rastos, mesmo daqueles que detesto fazer. E é... BRUTAL! As certezas que pensas ter são muitas vezes apenas histórinhas na tua cabeça.
Na minha também! Há dias, num comentário que fiz sobre o facto de fazer jejuns intermitentes, alguém de imediato afirmou:
- "Isso faz mal!" O meu primeiro pensamento foi "Não foi isso que li nalguns artigos especializados, escritos por nutricionistas e investigadores, e baseados em estudos recentes." Senti vontade de justificar a minha opção e também de questionar em que se baseava aquela afirmação tão convicta e tão diferente da minha, fazendo com que a minha opção estivesse completamente errada face à minha intenção. Mas não o fiz, porque logo outra voz se fez ouvir na minha cabeça, perguntando-me: - "Em que outros momentos alguém partilha algo contigo, e tu de imediato fazes afirmações do mesmo género?" Deixei-me ficar em silêncio, deixei a afirmação passar, e senti-me sereno. Moral da história: Vou passar a afirmar menos, e a questionar mais. Afirmar menos porque aquilo em que acredito é somente aquilo em que acredito. Perguntar mais pois posso aprender com as crenças dos outros, sobre eles e sobre as minhas próprias crenças. E vou continuar a partilhar aquilo em que acredito, sem impôr, sem afirmar que "É assim!"... simplesmente dizendo que, para mim, tem funcionado assim. E cada um segue aquilo em que acredita, e está tudo bem. Neste... talvez como em todos, o Natal tem sido sinónimo de muitas e variadas coisas, dependendo das crenças, hábitos, cultura local, contexto...
No nosso meio, é muitas vezes conotado como a época do frenesim das compras para as prendas de Natal. É curioso ouvir tanta gente dizer que o Natal, na sua essência, não é nada disso, e depois ver as lojas e centros comerciais cheios de gente numa correria às compras com expressões de cansaço e stress, e as árvores de Natal que partilham nas redes sociais estarem rodeadas de dezenas de caixas brilhantemente embrulhadas, com laços de magia e estrelas cintilantes. Neste Natal... talvez como em todos, convido-te a pensares na tua intenção. Qual a intenção, para ti, desta época? O que queres experienciar, sentir, viver? Qual a intenção de cada gesto, cada prenda, cada momento? E nessa intenção, faz aquilo que vai ao encontro da sua realização, da tua realização. Se isso incluir prendas, segue em frente e desfruta livremente desses momentos de partilha. Se isso inclui abraços, sorrisos e proximidade com aqueles que te são importantes, segue em frente e desfruta livremente desses momentos de partilha. O que ver que seja a tua intenção, faz com que aconteça com consciência, com sentido de viveres o que queres viver, e de proporcionar a quem te rodeia a tua liberdade de amar. Boas festas, recheadas de boas intenções - as tuas - e boas partilhas :) E se toda esta nossa concepção da realidade não passasse de uma espécie de Truman Show?
O que mudarias agora? Quando afirmas que sabes o que se passa com o outro, estás apenas a especular. Pois tal como ninguém consegue entrar na tua cabeça, também apenas consegues especular o que se passa na cabeça dos outros.
Assim, talvez seja mais simples questionar, e observar. Continuarás a especular, mas sabendo que as afirmações que fazes e as ações que desenvolves assentam não em certezas, e sim num jogo de probabilidades. Arrependimento só compensa se tiveres acesso a uma máquina do tempo!
A importância das coisas parece ser relativa ao espaço e ao tempo. Espaço no sentido do contexto em que se inserem. Tempo no sentido da tua experiência de vida e da passagem do próprio tempo.
E todos estes factores são subjectivos. A passagem do tempo, a tua experiência de vida, a minha, a dos outros... os próprios contextos cujas formas dependem de tantos factores subjectivos como a perspectiva de cada um, o foco, a intenção, o estado emocional, as crenças individuais e colectivas, etc... A importância das coisas parece ser, então, subjectiva. Ora é importante, ora não é. A importância das coisas não tem, provavelmente, importância nenhuma. És tu que lhes conferes a importância que queres a cada momento e em cada contexto.. A importância das coisas é o que queres que elas sejam. A importância das coisas pode mudar agora mesmo, ao acederes à tua memória de ti com 7 ou 10 anos de idade, ou à tua projecção de ti com 150 ou 200 anos de experiência e vida. A importância das coisas... É com curiosidade que observo as diferentes afirmações sobre aquilo a que chamamos de realidade. Sendo a realidade algo aparentemente inatingível, existem pessoas que, com firmeza e segurança, afirmam que a realidade é isto, colocando do lado errado qualquer outra percepção sobre o mesmo contexto..
Interessante, não é? No fundo, operamos com base numa teia de crenças, algumas ainda em forma de opinião enquanto que outras em total convicção, que usamos para navegar nesta coisa que é a vida do dia-a-dia. E essa teia de crenças, ora opiniões ora convicções, ajudam-nos a lidar com os contextos de forma a prosseguirmos o nosso rumo, cada um à sua maneira. Até aqui, tudo bem. Se tudo é uma questão de crenças, como por exemplo o o "ter" de respirar para viver, e isso nos ajuda a prosseguir nesta coisa da vida, que mal tem isso? Na minha perspectiva, nada! Aliás, até isto que escrevo é uma declaração de várias crenças, e sinto-me optimamente com isso. A questão é quando essas as crenças se tornam impeditivas de chegarmos onde queremos chegar, ou, de alguma forma, nos causam situações de desconforto, frustração ou até revolta, de entre outros estados emocionais que podemos considerar, num determinado contexto, inadequados. "Não posso porque já não tenho idade", "Ganhar dinheiro é duro", "É preciso sofrer muito para se ser alguém" ou "Eu nunca tenho sorte" são apenas pequenos exemplos de crenças que, nalguns momentos, podem limitar o progresso nalguma direcção desejada. É quando essas crenças nos fecham que podemos repensar a estrutura à qual escolhemos nos agarrar para viver, e podemos questionar, desconstruír, e criar novas crenças que abram possibilidades para o que queremos concretizar. E isso não garante a concretização do que queremos, mas certamente abre espaço a novas estratégias e comportamentos que ajudam a promover os resultados que tanto desejamos. Se não acreditas nisto e te sentes bem com isso, está tudo bem. Se acreditas nisto, talvez possas criar, agora, novas possibilidades na direcção do que queres viver na tua vida. Pessoalmente, estou "crente" de que tu... sim, tu, tens todos os recursos de que precisas para lá chegar. Numa conversa entre amigos, uma observação suscitou-me curiosidade sobre os processos internos em curso em quem a proferiu. Sobre o tema em discussão, a pessoa afirmou algo do género - "Não concordo nada que isso aconteça naquele contexto, mas eu tolero." - enquanto expressava insatisfação e uma ligeira micro-expressão de nojo.
E nesse momento surgiram-me ideias como as representadas nas frases abaixo : "Aprimorar a paciência requer alguém que nos faça mal e nos permita praticar a tolerância." ~ Dalai Lama "O resultado mais sublime da educação é a tolerância." ~ Helen Keller Ao pesquisar a palavra "tolerância" num dos dicionários mais populares, encontro as seguintes definições:
A minha questão é:
E de que formas diferentes nos sentimos em cada um destes processos? A resistência mudança é visível em tantos contextos, e ainda assim ocorre permanentemente.
Observo, por vezes, essa resistência à luz da identificação com o passado, com a história que se conta. Parece que, num dado momento, a mudança implica deixar de ser quem sempre se julgou ter sido. Mas quando se questiona essa identidade ela cai facilmente por terra. "És sempre assim?" "Que outras coisas tens sido ao longo do tempo?" "Que outras coisas tens sido noutros contextos?" Observo também a resistência à luz do hábito, dos costumes, da rotina. São coisas diferentes, mas a estrutura é a mesma: o conforto do que se conhece, o eficiência do esforço, o saber com o que se pode contar. Mas sem a experiência, sem o desconhecido, não existiria aprendizagem e evolução. Mudar hábitos, alterar costumes, quebrar rotinas é uma boa forma de gerar novas perspectivas e novas soluções. Observo, igualmente, a resistência à luz da consistência. E vejo tantas vezes o sofrimento da manutenção de uma decisão passada com o medo de mostrar fraqueza, inconstância ou instabilidade. Mas o custo desse medo é tão elevado que se perdem momentos de felicidade na descoberta e vivência do que realmente importa. Talvez seja fácil mudar. Afinal, mudar implica somente um passo nalguma direcção, ou naquela determinada direcção. Talvez a dificuldade seja lidar com a nossa ilusória ideia de mudança, de deixar para trás o que já foi e abraçar o que vier, de largar os medos e alcançar aquela oportunidade de descoberta, de aprendizagem, de maravilha na concretização de algo novo e arrojado. Ou talvez seja apenas a descoberta de algo sobre nós próprios, e que alguns temem desvendar. |
Sobre este blog...Arquivo de textos, ideias ou sugestões, sobre tudo e sobre nada, e que poderão ser usados e comentados. Sobre mim?Pode consultar um resumo do meu percurso aqui, ou questionar-me sobre algo em específico através de um dos meus contactos.
Arquivo
Dezembro 2018
Categorias
Todos
|