Hoje levantei-me, tratei de mim, sai à rua e passeei sem rumo certo. Só tinha uma intenção e sem obrigação: beber um café. Era mais uma espécie de orientação, mas que podia muito bem nem se concretizar. E nessa intenção decidi relaxar, apreciar o momento e ouvir um podcast. Nalgum momento o café se iria materializar... ou não.
Passeei pelas ruas da cidade e parei em vários momentos para observar aspectos e perspectivas da arquitectura de alguns prédios. Observei também algumas pessoas que passavam por mim, os seus comportamentos a sós ou acompanhadas. Não ouvia o que diziam e apenas observava os seus movimentos, os seus gestos, os seus olhares. Também parei para ver os patos e os gansos no parque, ao sol, a limparem as suas penas. Apreciei o sol por entre os ramos das árvores, e os aromas oriundos dos cafés, da terra molhada do parque, dos carros que passam, do tabaco dos fumadores, a brisa leve e fria que passava por mim, dos cães que passeavam com os seus donos, e apreciei o contraste da humidade que se fazia sentir no ar com o sol a acarinhar-me a pele da face. Vi pessoas a andarem rápido nas suas tarefas matinais, assim como algumas outras pessoas a passearem calmamente, a sós, em família ou com os seus animais de estimação. O podcast ía rolando, mas confesso que não lhe prestei muita atenção em boa parte do tempo. Deixei-me estar em cada momento como era. Umas vezes a observar, outras a sentir, e outras na curiosidade do conteúdo do podcast.
Ao fim de algum tempo, neste longo passeio, dei por mim à porta de um dos cafés habituais. Entro... não entro. Não sei. Entro. Olhei em volta e escolhi o que me pareceu o melhor lugar de todos. Abrigado da brisa fria mas ao sol, com pequenos riscos de sombras de alguns ramos da árvore ali ao lado. Bebi o café, observei as pessoas, li uns artigos online. E voltei a casa, quase a horas de preparar o almoço.
Gosto muito das partilhas das pessoas do clube das 5 da manhã. São geralmente enérgicas. Levantam-se às 5 e fazem logo isto e aquilo e mais a outra cena. Às 9 horas já têm meio dia feito, e ainda lhes restam 10 ou 12 horas pela frente para serem altamente produtivas. Chegam ao fim de cada dia cansadas, mas com um sentimento de concretização incrível, por vezes invejável, e as semanas são repletas de metas atingidas com sucesso. Admiro essa capacidade. Aplaudo-a até. Menos uma coisa: e parar? E estar simplesmente a fazer nada? E contemplar? Por vezes parece que até aqueles minutos de meditação fazem parte de um plano milimetricamente estudado e executado. Mas sei que não são todas assim. Algumas pessoas levantam-se cedo para aproveitar melhor o dia para si mesmas, longe da confusão das enchentes do dia-a-dia. Têm dias tão cheios que sentem falta daquele momento a sós, ou para aquelas coisas pessoais que noutros momentos do dia parecem ser mais desafiantes de serem feitas. Ler um livro com calma, tomar o pequeno-almoço tranquilamente, darem mais atenção ao seu corpo e alma. Fazerem aquela meditação sem interferências externas. São momentos de conexão pessoal. Mas também podem ser apenas momentos de mais tarefas, a adicionar às tantas que já temos ao longo do dia. E nesta observação pergunto: Por que raio fazes o que fazes? Para quem? Com que intenção?
Há muitos clubes. E o meu clube é o não-clube, que é também um clube. Não tem propriamente um nome. Ou talvez possa ser o clube do momento. Isto agora faz-me sentido, e talvez por isso deva ser o que talvez deva fazer. Agora neste instante, ou para algum resultado mais abrangente, mais lato, ou mais à frente no tempo. Desde que haja uma intenção... desde que me faça sentir bem neste estar mais abstrato da vida... e se te faz sentir bem, continua. Por ti. Para ti. É mesmo só para ti.
Parabéns ao que pertencem ao 5am Club, e a todos os outros clubes também!
E obrigado pelas vossas partilhas inspiradoras. A vida continua às 5, às 12 e às 24 também ;)