Muitas vezes oiço criticas em relação ao estado do tempo. Está frio. Chove. Está nublado. Está demasiado calor... Até aqui nada de novo, certo? Também não é novidade as pessoas mudarem o seu estado emocional com o estado do tempo. Está chuva, estou triste. Está nublado, estou triste. Está frio, estou triste. Está demasiado calor, estou insuportável! Ok... há outros estados emocionais além deste, e bem sei que estou a generalizar. Eu não sou uma dessas pessoas, e possivelmente tu também não. E de certeza que reconheces várias pessoas nestes papeis. Se não é tristeza é desânimo, desmotivação, falta de energia, medo de alguma doença ou constipação. Pergunto-me se será do tempo, ou o simples reflexo do que vai dentro de cada um. Mas isso daria outro texto. Não é o estado do tempo que determina o meu estado emocional. Aliás, sentir estas diferenças - agora frio, depois calor - proporciona-me experiências diferentes, acesso a sensações e estados do corpo físico distintos, melhora o meu sistema imunológico, ajuda-me a apreciar a beleza de cada estado, cada momento, e faz-me sentir vivo. Viver cada experiência como é, tal como é, é de uma sensibilidade, abertura e curiosidade extraordinárias. E as descobertas podem ser incríveis, simples e eternas. E vale mesmo a pena. E o mesmo posso afirmar em relação a (quase) todas as restantes experiências (sabendo que algumas dispenso experienciar! [risos]) O significado que atribuo a um dia nublado pode ser tão rico, dinâmico e enérgico como aquele que atribuo a um dia de sol. E acima das nuvens está um belo esplendor de luz. As diferentes tonalidades de cinza são igualmente fantásticas. A sensação húmida do ar, os diferentes aromas da terra molhada, a frescura das gotas de chuva a escorrer pela cara, as poças de água que com a idade nos esquecemos de pular e desfrutar, os reflexos 5, o arco-íris que se forma no horizonte, a verdura que desponta e cresce, a vida que pulsa a cada gota, cada riacho, cada rio, cada onda do mar. E isso é único, poderoso e absolutamente maravilhoso. Aliás... "Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem. Cada um é como é." (Poema de Alberto Caeiro, Fernando Pessoa). Às vezes perguntam-me como se descobre o que realmente nos apaixona. Por norma, respondo que é nas pequenas coisas. Não necessariamente nas que se fazem repetidamente, mas na forma como nos sentimos a fazê-las, sejam elas frequentes ou ocasionais. Quais as partes, os momentos, que geram sensações de concretização, satisfação, curiosidade e crescimento? Aquela sensação de momento perfeito? Para mim, um desses momentos é observar que cerca de 70% da minha roupa que trato é desportiva, e isso leva-me a reviver os bons momentos que passo na Box a treinar e a desafiar-me. Ou seja, coisas que me apaixonam são o desafio no desporto, a experimentação de diferentes actividades, o trabalho em equipa, a partilha em grupo, a cumplicidade nos relacionamentos, a contribuição e o crescimento em conjunto. E o CrossFit preenche várias destas paixões. E a ti? O que te apaixona? A aptidão física mede-se de muitas formas. E enquanto podemos ser extraordinários numa coisa, podemos ser simultaneamente medíocres noutra. É por isso que gosto tanto de CrossFit. Desafia-nos a trabalhar constantemente em várias competências, desde a ginástica ao weightlifting. E essa diversidade tão rica já está de tal forma enraizada em mim, que desde o ano passado comecei a explorar outras atividades como pilates, Yoga, OCR e Metcon. É nessa mesma linha que comecei hoje a experimentar Krav Maga. Razão que me leva hoje a pegar no copo de água com a mão esquerda de tanto soco que dei no saco no treino técnico. Lá está, os meus pulsos não estão habituados a este estímulo (o direito treme bastante) apesar de se darem muito bem sem protecção nos movimentos gímnicos e no levantamento de carga acima da cabeça até 80 kgs (a partir desse valor já sinto falta do apoio dos punhos). Da mesma forma, podemos diversificar as nossas experiências noutras áreas. Nos trajectos que fazemos. Na comida que ingerimos. Nas pessoas com quem interagimos. Nas actividades ludicas. Na forma como fazemos o que já fazemos. As alterações neurológicas e/ou físicas são muito positivas. E embora os resultados de inicio poderem não ser assim tão bons, garanto-vos que daqui a poucas semanas já serei capaz de pegar no copo sem tremer depois do treino de socos no saco 😉 E antes que me perguntem, já experimentei meia dúzia de vezes. Zumba não é a minha cena 🙂 Se te puseres a pensar em coisas negativas, sentes-te mal.
Se te puseres a pensar em coisas positivas, sentes-te bem Se te puseres a pensar em coisas mais ou menos, sentes-te mais ou menos. Parece que aquilo em que pensamos, as nossas alucinações privadas e pessoais, comandam o nosso estado. E... quem comanda os pensamentos? Nesta altura deves estar a pensar em como tudo isto pode ser fantástico e uma absoluta farsa, não é? É que, "se fosse assim tão fácil, podíamos gerir o nosso estado a qualquer momento." Esta é a típica resposta que recebo tantas vezes ao referir a aparente simplicidade deste processo. E é aqui que se encontra o ponto essencial: nem tudo o que é simples, é fácil. O processo é simples. Aquilo em que pensas, ou seja, onde colocas o teu foco, determina o teu estado. Fazê-lo num curto espaço de tempo também é fácil. Fazê-lo de forma duradoura, nem sempre, embora possível e já o fizeste várias vezes também. É que, aquilo em que pensas repetidamente parece estar associado a um conjunto de crenças sobre a vida, necessidades emocionais e experiências passadas. E isso é mais profundo. Ainda assim, experimenta lá brincar agora com estas mudanças de pensamentos, e observa as alterações no teu estado: entre tristeza ou felicidade, insegurança ou confiança, fraqueza ou força, introverção ou extroversão... de entre muitos outros estados. Imagina agora as possibilidades... Hoje quis colocar-me em efeito!
Ao final da 3ª hora de treino intensivo, observei que o meu rendimento baixou drasticamente. Não que o resultado final fosse muito melhor se estivesse mais fresco. O exercício do desafio em causa não é, de todo, o meu forte. Ainda assim, quis colocar-me em efeito. Muitas vezes faço brincadeiras destas: 3 treinos seguidos, cada um de 45 a 60 minutos. Por norma, coloco uma sessão de Yoga ou Pilates pelo meio, de forma a trabalhar mais a postura, equilíbrio e mobilidade. Mas desta vez fui mais arrojado - 3 horas (quase 3 horas) de treino intenso, cada treino a terminar com um desafio de elevada intensidade. Foi brutal! E entenda-se "brutal", neste contexto, como algo de MUITO BOM! Do caraças! Magnífico! Extraordinário! Absolutamente incrível! Mas no fim, estava eu no balneário com os restantes atletas do terceiro treino, e exclamei a seguinte frase com ar visivelmente desolado enquanto pegava no telemóvel para registar o meu resultado do desafio: "Estou cansado. E neste desafio estive muito fraco. Apetece-me dizer que é da idade! Posso?" E sentei-me no banco, a respirar fundo e a registar o resultado. Os que já me conhecem riram-se. É habitual alguns atletas desculparem-se com a idade para justificar resultados menos bons. E esse é o momento em que os desafio: "Queres mesmo falar de idades?" Quando descobrem que são 10 ou mais anos mais novos que eu, desculpam-se com o facto de terem estado parados "uns anitos", 5 ou 6, sem fazer nada, e que só recomeçaram há um ano e picos. "Queres comparar com os mais de 20 anos que estive sem actividade física?" - questiono eu. Depois vem a desculpa da vida sedentária, do peso a mais que já tiveram e que entretanto já estiveram a perder. "A sério que só tinhas 10 kgs a mais? Olha que eu tive mais de 20 do que tenho hoje. Até para atar os atacadores tinha de encontrar coragem." Depois vem a desculpa de estarem parados ao longo do dia, e que colocar o corpo a funcionar ao final da tarde depois disso não é fácil. "Eu também trabalho sentado, praticamente todo o dia. É isso que fazes também, certo?" - insisto eu. Então vem a desculpa da genética, do stress do dia, da alimentação, ou qualquer outra cena que justifique o "baixo desempenho". A verdade é que o desempenho tem pouco a ver com isto. Não é o desempenho de cada um que está em causa. Uns serão sempre melhor que outros, e está tudo bem. A questão é como cada um de nós se liga e entrega aos seus próprios desafios. E hoje, eu, com todo o conhecimento desta cena toda, apeteceu-me mandar tudo ao alto e dizer que é da idade. Simplesmente não me apeteceu assumir a minha responsabilidade pessoal pelo resultado - "Não sou eu, é a idade!" Nem assumir que, nalgumas vezes, o corpo não rende o mesmo, seja porque razão for (stress, alimentação menos saudável, pouco descanso, treino intenso demasiado prolongado, cansaço, ...) - "A idade já não permite certas aventuras." E nem sequer observar especificamente o que acho que correu menos bem, para desenvolver estratégias e planos para agir na melhoria nessas áreas - "Com esta idade nem vale a pena. É assim, pronto." Ri-me com os meus amigos atletas, assumi que esta cena da idade é mesmo e só uma cena, uma bela de uma desculpa para não trabalhar no sentido de concretizar as minhas metas, a minha satisfação atlética. E se quero mesmo lá chegar, então, a idade pode ser um factor, mas não será, certamente, o único nem o mais determinante. Até porque, comparativamente a alguns outros atletas 10 anos mais novos, tenho muitas vezes resultados muito superiores. Será da idade? E depois descubro sempre atletas mais velhos com desempenhos incríveis. Será da idade? A questão aqui é: podes-te colocar em efeito sempre que te fizer sentido, seja em que área for. É uma escolha. Mas não te escudes atrás disso como justificação para não chegares onde queres. Ou queres, ou não queres. Ou consegues, ou não consegues, Assume. E o que quer que assumas, está tudo bem. Fica bem com isso. Está tudo bem em não quereres dedicar-te tanto a uma (ou várias!) determinada actividade. Esta tudo bem em não conseguires uma determinada característica. Está tudo bem em não conseguires aquele resultado. Aliás, o resultado em si é até irrelevante. Relevante é o que estás na disposição de fazer para conseguires aquilo com que te queres comprometer. E é o teu compromisso pessoal. Só teu! E isso, sim... isso vale tudo! Escolhe os teus compromissos, lida com eles como entenderes que faz mais sentido para ti, e diverte-te no processo. Eu divirto-me imenso nos meus treinos, mesmo nos mais intensos, mesmo nos que me deixam de rastos, mesmo daqueles que detesto fazer. E é... BRUTAL! Grande parte do meu trabalho é de contribuição. Sendo, por um lado, mais fácil que angariar projectos para facturar, tem as suas próprias exigências e requer, sempre, um enorme espirito de dedicação e responsabilidade.
Ao contrário da generalidade dos projectos facturados (e estou a generalizar, porque existem surpreendentes e deliciosas excepções) há algo de extraordinário nestas experiências de contribuição que, noutras áreas não se encontram com tanta frequência. Podia descrever as inúmeras experiências que tenho tido e presenciado... mas vou apenas dar um resumo de algumas que me marcaram por um ou outro motivo. Podia descrever as famílias com que convivi em Moçambique, em que a mais velha e responsável da família tinha somente 14 anos. Não foi apenas uma família. E neste processo, além de lidar com a pobreza, a incerteza do futuro, a doença, a morte, a escassez do mais básico e que tão banalmente aqui damos por adquirido, dos naturais desafios próprios da idade... ainda lidam com a responsabilidade de cuidar dos mais novos, de garantir o sustento, a educação, a orientação para que cresçam saudáveis e felizes. Podia descrever o toxicodependente com quem tive uma descontraída conversa, ambos sentados no lanço de um passeio em Lisboa, Alcântara, enquanto ele comia um prato de comida quente e eu me interessava genuinamente pelos seus hábitos e estilo de vida. No fim, agradeceu de coração afirmando que eles, os sem-abrigo, são invisíveis à sociedade. E nós, os voluntários, tornamo-los visíveis ao mundo, sem qualquer julgamento, dando-lhes voz e uma sensação de valor, nem que fosse por apenas breves instantes. Podia descrever o homem que desistiu de viver, e que deambula inconsciente pelas ruas da cidade. Castiga-se numa vida de rua, bêbado sempre que pode, que dança com uma alegria contagiante mas que é, afinal, superficial. E chora minutos depois, desesperado pela morte da sua mulher e filha num acidente de viação anos antes. Perdeu tudo pela sua incapacidade de lidar com a realidade, de aceitar o desfecho, impotente perante a fatalidade. E aqueles minutos de atenção dão-lhe sentido de si, de vida, de valor. E dança, e ri, e partilha algumas das suas melhores memórias de família com o mesmo brilho nos olhos que uma criança a abrir o seu mais desejado presente. Podia descrever os olhos brilhantes de felicidade de alguns desempregados de longo termo. Aqueles a quem o rendimento mínimo de pouco vale e que vivem no desespero da dependência que é tão escassa e insuficiente. Os seus sentimentos de insuficiência, desconsiderados pelo mercado de trabalho. Os seus olhos abrem-se de esperança quando pessoas activas se preocupam, lhes dão atenção, e que contribuem para a sua aprendizagem e evolução pessoal. Afinal há esperança, e naqueles momentos, o mundo muda de tons de cinza para um colorido de vivas cores. Houvesse tempo e estrutura para dar continuidade a estes projectos, e mais pessoas interessadas em contribuir, a começar pelos organismos púbicos que dão, por vezes, apenas passos tímidos e curtos nessa direcção, e talvez tivéssemos mais independentes capazes de dar os seus próprios passos. Podia descrever os contactos com adolescentes cujo valor pessoal foi irresponsavelmente espezinhado, e se escondem agora atrás de armaduras de ferro para dissimular a sua angústia. Deixaram de acreditar em si mesmos, e dedicam-se mais à validação das críticas que lhes são dirigidas, dos negros futuros que lhes traçados, que na sua essência e capacidade de decidir e agira por si, para romperem o ciclo vicioso em que foram colocados. Fiquei especialmente feliz por ver alguns projectos que revertem estes ciclos, ajudando estes jovens a criarem novos futuros de valor para si, e para os que os rodeiam. Podia até mencionar tantos outros casos com os quais não tenho lidado directamente, mas que acompanho à distância através de amigos que, munidos da sua vontade de criar um mundo melhor, arregaçam as mangas e contribuem com o que sabem e podem, e que tantas vezes produzem autênticos milagres. Por fim... nem é preciso tanto. Basta dar atenção à pessoa do lado. Ajudar alguém em dificuldades na fila das compras de supermercado. Aliviar a carga de alguém a subir umas escadas com sacos pesados. Pagar um café a um desconhecido. Sorrir! Dizer "Olá!" ou "Bom dia!" Tantos pequenos gestos que podemos fazer... diariamente! E são tão fáceis. Grande parte do meu trabalho é de contribuição. Pode-se dizer que é, em certa medida, um acto egoísta. Dá-me prazer contribuir, ajudar, e sentir que fiz a diferença, por pequena que possa ser. Na verdade, é sempre pequena. Há uma grande parte que depende da outra pessoa. O nosso contributo, o meu contributo, é mais de exemplo, de arranque, de facilitar os primeiros passos. E é-me especialmente reconfortante ver caminhos a abrirem-se, passo a passo, por alguém que decidiu assumir a sua responsabilidade pessoal. Uma palavra, um gesto, um olhar... A contribuição, afinal, está ao alcance de toda e qualquer pessoa. E estou grato por isso! Pensamento do dia:
Nada nos pertence! Tudo não é mais que uma extraordinária experiência subjectiva. E nesse pensamento, porque não aproveitar a acção do momento? Acontece o que acontece!
Não há nada que possas fazer. O teu poder de controlo sobre o mundo é... mínimo. E estou a ser simpático. Na verdade, o teu poder de controlo é menor que um grão de areia quando comparado com a imensidão do vasto universo. E poucos sabem afirmar o real tamanho deste. Aliás, acho que ninguém sabe. Admitamos apenas que é grande, e muitas vezes maior do que qualquer de nós consegue imaginar. Então... o que acontece, acontece! É isso? É inevitável. Há um poder de influência que podes exercer. Sim, influência. Não controlo. Se o teu poder de controlo é o tal grão de areia (e atenção ao quadro de referência que usei há pouco), o teu poder de influência não é muito maior. E é só e apenas influência. Não quer dizer que consigas efectivamente mudar alguma coisa. Influencias. Apenas isso. Isto gera uma sensação de pequenez. E é mesmo. Somos pequenos. Então, para quê tanto alarido? Para quê tanta preocupação? Mas... repara bem. Pequenez não é assim tão mau. Na verdade, considero-a até benéfica. É, até, amorosa. É potente. É fantástica. É uma pequenez incrível e absolutamente inspiradora. Mas não é disto que quero falar. Estou-me a perder na maravilha que é a experiência humana, tão aparentemente insignificante e simultaneamente arrebatadora. As coisas acontecem e pronto. É isto! É isto que quero dizer. Ah! Há uma coisa mais. Já que não controlas tudo. Aliás, controlas muito pouco. Permite-me lembrar-te que controlas o essencial em todo este processo - TU! É muito simples... não controlas os eventos. Eventualmente, influencias os eventos. Mas não os controlas. Não os determinas. Acreditas que sim muitas das vezes. Eu também! E quando correm favoravelmente, lá surgem os gritos de glória e festejos de concretização. Who's the boss? Mas é uma ilusão. Não controlamos. Apenas tomamos consciência dos eventos e e acreditamos na ilusão de os ter controlado. Quanto muito, influenciámos. Conseguimos, de alguma forma, orientar um pouco para um lado ou para o outro. E isso já é um grande feito! Celebre-se, então, esse feito! Fazemos umas cenas que por vezes correm bem. Com a experiência tornamo-nos melhores a promover determinados resultados. E vale a pena festejar isso mesmo. Hurray! Bota palmas nisso, taças de champanhe ou o que quer que uses para celebrar. Sorri, dança e segue em frente. Partilha com toda a gente. Faz bem, essa celebração. Parabéns! Esta é a parte fácil. Quando tudo corre bem, ou mesmo que mais ou menos bem. Aproveita. Celebra. Mas... e quando corre... menos bem? E quando damos aquele tralho monumental? E quando fazemos merda? E quando nos encontramos num buraco tão escuro e profundo que nem a luz do sol chega lá abaixo? Dói! Pior que isso, é desesperante. Mais... parece que estamos irremediavelmente perdidos, e cria-se a ilusão desesperada de que assim ficaremos até ao fim dos dias. Mas não é verdade. E sabes isso. Sabes que já passaste por muitos buracos, vários falhanços, diversos momentos de impotência, desespero e solidão, e estás aí... a ler este texto. Sabes que, seja qual for o estado em que estás agora, já ultrapassaste desfiladeiros, montanhas e tempestades. E sobreviveste. Aprendeste de forma árdua, mas aprendeste. E agora, que olhas para trás, talvez até reconheças que esses períodos são os que maior aprendizagem e força te geraram para continuares agora no teu caminho, de cabeça erguida, com a segurança de que, aconteça o que acontecer, tu escolhes dar a volta por cima, e mesmo que não saibas ainda como, e meso que doa, e mesmo que custe, a solução está aí ao teu alcance. Mas também não era isto que queria falar... Vamos lá ver se me oriento. Lutar com a Vida ou Abraçar a Vida? Podes lutar na vida, batalhar, rumar contra a maré. É difícil. Emocionalmente desgastante. E controlas muito pouco. Então, o que fazer? Também bodes fluir com a vida. Encontrar o rumo dentro do rumo. Aplicar o teu poder de influência, e controlares aquilo que efectivamente controlas - tu! Alinhas-te com o que é verdadeiramente importante para ti, defines as tuas intenções, e toda a tua acção começa a sair com naturalidade? Fácil? Nem por isso. O difícil continuará a ser difícil. As montanhas, as tempestades, fazem parte da vida. Estão no percurso. Continuam lá, a existir, a testar-nos uma e outra vez. Mas algo fica diferente. Não custa. A parte emocional, quando alinhada, promove energia, serenidade, a capacidade de discernir cada vez melhor o que vale a pena fazer, e o que podemos deixar ir. Permite-nos dar atenção aos detalhes, apreciar o momento, estar verdadeiramente presente. A luta? Desaparece. O que fica é a vontade de agir, de seguir em consciência daquilo que verdadeiramente importa, na direcção do que queremos ver concretizado. E cada dia é uma pequena conquista. Cada dia sabe bem, por mais cansaço que possa trazer. Cada dia é uma preparação para o que queremos viver de seguida. E cada inicio de dia, uma renovada alegria pelo que se segue. Andei a pensar nisto quando me encontrei num desses muitos buracos. Um desses em que nada chega lá abaixo, e nos encontramos sós, no escuro, sem esperança. E de repente, comecei a observar-me por dentro, a descobrir-me, a identificar, afinal, o que me é importante e o que quero. E nesse processo, dez-se dia... Descobri, mais uma vez, que de nada adianta lutar com a vida. Ela segue, como sempre, independentemente dos teus desejos e vontades. Ao invés disso, escolho abraçar a vida. Curiosamente, ela começa-me a proporcionar pequenas grandes maravilhas. E isso, é majestoso! Foi aqui que aprendi a andar de bicicleta na década de 70. Este pequeno empedrado, na altura, parecia enorme comparado ao meu metro de altura. Foi naquele tempo em que as crianças "podiam" brincar na rua sem cuidados extremos. E isso era extraordinário! Na altura, a minha vontade de andar de bicicleta era grande. Tão grande que nem as muitas quedas de meio em meio metro abalavam a minha determinação. E quando após dezenas de investidas só conseguia progredir 1 ou 2 metros, não foi a falta de capacidade de o fazer em linha recta que me fez questionar se teria a competência para o fazer. Nada, mas mesmo nada, me fez sequer hesitar sobre o objectivo: passear de bicicleta e partilhar essa aventura com outras crianças. Hoje, observo-me a mim e muitos adultos à minha volta desistirem facilmente do desenvolvimento de uma nova competência, de um objectivo, de um sonho. Isso, em si, não tem qualquer problema... excepto quando se torna num padrão de fuga à exposição, à vulnerabilidade do falhanço e das emoções que normalmente o acompanham. Pior que isso, é a desistência de algo que pode ser tão relevante nas nossas vidas, com a consequente perda de paixão, de vivacidade, de um viver de peito cheio e um sorriso aberto. O medo de não conseguir, o medo de fazer "má" figura (seja lá o que isso for) o medo de sofrer, transforma-se gradualmente num rol de desculpas e justificações, de obrigações sociais do que acreditamos ser esperado de nós. Naquela meninice ingénua, continuei a empenhar-se, uma e outra vez, sem querer saber do que os outros pensam ou acham, e sem sequer saber se o conseguiria atingir ou não. Nalgumas ocasiões até tive ajuda.. . alguém que me segurou atrás por alguns momentos, ou deu algum conselho bem intencionado. Mas no fim, era apenas a minha vontade, o meu sonho, o meu percurso, e apenas importava o que escolhia fazer para lá chegar. Sem expectativas, sem dúvidas, sem se's. Eu, o sonho, e os meios à minha disposição, com toda a energia que conseguia colocar em ação. Ao longo da vida somos expostos a inúmeros desafios, e aos processos de aprendizagem e evolução. Na carreira, num relacionamento, na saúde... e são muitas as novas competências a treinar e desenvolver. E é sempre uma escolha aquelas que decidimos fazer parte do nosso percurso, de como decidimos lidar com elas, e ao que, ou a que vozes, escolhemos da mais atenção. E eu, naquele metro de altura, escolhi andar de bicicleta, lidar com essa aprendizagem com curiosidade e determinação, e decidi dar mais atenção à minha voz interior. E tu, ao que dás mais atenção? O que privilegias na tua vida? No momento em que te lanças num projecto, profissional ou pessoal, escondes a tua vulnerabilidade, ou dás liberdade à tua energia natural para o que te é importante agora? Talvez possas, nesses momentos, voltar a ser criança, e simplesmente viveres cada passo do teu sonho agora. Abri uma das minhas redes sociais, e aparece-me de imediato esta frase: "If you don't fight for what you want, don't cry for what you lost." De repente senti um aperto seguido de uma curta reflexão e descoberta. De facto, por vezes queixamo-nos do que "perdemos" quando, na realidade, pouco fizemos para as conquistar ou alimentar. Mas... perdemos o quê, concretamente? E lutar como, especificamente? (temas para outras publicações) Há coisas que, por via das rotinas do dia-a-dia e/ou preocupações em geral, acabamos por dar por adquiridas. Carreira, emprego, bens, relacionamentos.... E de repente... algo muda! Mas como preocupações? (isto poderá dar toda uma nova publicação filosófica) É no momento em que tomamos consciência das dinâmicas de cada situação e que assumimos a responsabilidade pela nossa vida (algo que nem todos fazem, aparentemente) que se começam a desenhar intenções e estratégias mais sólidas, assegurando o que de facto é importante para que sejam dados passos decisivos nessa direcção. E é em cada um desses passos, no assumir da responsabilidade pessoal, que se começam a gerar as sensações, o sentido, a certeza e a confiança de que, afinal, a felicidade não precisa ser procurada nem conquistada. Ela sempre cá esteve! E talvez a vida seja apenas para ser vivida... Observando agora aquilo que está ao teu alcance, qual o teu próximo passo? "Tudo é um exemplo de algo."
~ Pedro Vieira É interessante observar as pessoas que se focam nos problemas versus aquelas que se foram nas soluções. O tipo de argumentos e posturas são muito distintas, e assim o são também os respectivos resultados. Por norma, as primeiras bloqueiam, sabotam, queixam-se, apontam o dedo, esperam, desanimam, revoltam-se, deprimem, desistem, esbracejam... e permanecem. Regra geral sentem-se desiludidos com a vida em geral. O segundo grupo (e isto de criar apenas dois grupos é muito redutor e generalista) tende a obter melhores resultados, a sentir-se melhor com a vida em geral. São pessoas que se focam nas soluções, naquilo que está ao seu alcance, no que podem fazer em relação aos seus desafios e no que desenvolver de seguida. Podem nem sempre obter os resultados que desejam, mas caminham nessa direcção, e isso traz-lhes satisfação pessoal. Nestes últimos dias tenho tido, mais uma vez, um contacto com estes distintos grupos em contextos de formação, e o rendimento de cada grupo, os respectivos estados emocionais, os resultados que promovem, são radicalmente diferentes, com clara vantagem para o segundo grupo aqui descrito. E é interessante observar que aquilo que sentem e fazem se reflete directamente na sua atitude e respectivos resultados nas formações em que se encontram. Tudo é um exemplo de algo! E tu... em que grupo te colocas na maior parte do teu tempo? Qual o teu foco? Eu? Pessoalmente já me encontrei mais no primeiro que no segundo. Hoje, a história é já muito diferente... e é uma viagem extraordinária! Qual vai ser o teu próximo passo? Há muitos ciclos na vida. Geralmente, temos a tendência de identificar apenas grandes ciclos. A idade, uma carreira, um relacionamento,... e toda uma vida acaba por ser definida através de, no máximo, meia dúzia de ciclos.
Na verdade, existem muitos mais ciclos. Um hobby que mudou, uma época festiva que terminou, uma actividade que deixou de existir, uma manhã que passou, uma conversa de café, uma brincadeira com aquela pessoa, uma briga nem se saber bem porquê, um jogo que nos estimula, um convívio caloroso. Não lhes damos muita importância, pois tendemos apenas a olhar para as grandes cenas da vida, mesmo que essa cena seja gelado de baunilha. O que pretendo salientar é que a vida é feita de ciclos. Muito ciclos. Talvez uns mais relevantes que outros. Uns pequenos e outros grandes. Uns que duram décadas e outros que duram segundos. Uns sobrepõem-se e outros nem por isso. Uns marcam-nos a memória, o corpo e a alma, enquanto que outros relegamos ao esquecimento. Alguns parecem não ter importância nenhuma, e só quando passam damos pela sua falta e importância. Outros parecem tão importantes e, quando terminam, surge aquela sensação de liberdade e leveza. Ciclos... uns atrás dos outros... Todos eles são ciclos dentro de um enorme ciclo a que chamamos vida - a nossa vida - desde que nascemos até ao último suspiro. Todos eles têm o seu lugar, a sua importância - oportunidades de crescer e evoluir. De nada adianta agarrarmo-nos a um ciclo que chegou ao seu término natural quando outro está prestes a começar. Em vez disso, parece ser muito mais proveitoso desenvolver a curiosidade pelo ciclo que se segue, e seguir em frente, fazendo desse novo ciclo a continuidade evolutiva do anterior, ou a disrupção de algo que já não funciona, vivendo com fluidez e presença tudo aquilo que o novo tem para oferecer. E depois de todos esses ciclos? Talvez outro ciclo, quem sabe... numa outra dimensão... Curios@? Enquanto trabalho agora num projecto, tenho mantido a televisão ligada num canal com programas sobre a natureza ou a vida nas grandes cidades. Vai passando um atrás outro...
Nessa sequência de imagens e aprendizagens, concluí algo banal e poderoso: Focamo-nos muitas vezes no nosso mundinho fechado e limitado, esquecendo-nos que há incríveis e fantásticas coisas a acontecer á nossa volta (já para não mencionar dentro de nós mesmos)... a todo o momento! E basta levantar a cabeça, olhar em volta, escutar com atenção, e sentir o ambiente. Andar, correr ou simplesmente parar. E sempre, mas sempre, há milhares de coisas a acontecer à nossa volta. E abrirmo-nos a isso pode ser revelador! A que coisas vais decidir prestar atenção agora? Àquele pensamento ou sentimento passado que te limita, ou às infinitas possibilidades que te rodeiam? Sim, eu sei! Nem sempre é fácil, e há situações que nos solicitam a maior atenção e concentração. Se estás numa dessas situações, talvez as possas atender agora de outra perspectiva. É que, mesmo essas situações, estão recheadas de... ...isso mesmo! Atreves-te a espreitar o outro lado agora? Como seria, se em vez de observares problemas, os identificasses como desafios à tua capacidade de os superar?
Como seria, se em vez de te valorizares pelas tuas superações, te valorizasses pelo que já és agora, tal como estás, e independentemente do que superaste e não superaste? Como seria, se em vez de te limitares ao que observas, fosses ao encontro do que ainda não observaste? Como será? Para ires agora de onde estás para onde queres estar, nem sempre a linha recta é o percurso mais adequado.
Por vezes, até podes dar a volta ao mundo, aparecer do outro lado, e chegares com aquela sensação única de aventura, realização pessoal e um sorriso de corpo inteiro. Neste... talvez como em todos, o Natal tem sido sinónimo de muitas e variadas coisas, dependendo das crenças, hábitos, cultura local, contexto...
No nosso meio, é muitas vezes conotado como a época do frenesim das compras para as prendas de Natal. É curioso ouvir tanta gente dizer que o Natal, na sua essência, não é nada disso, e depois ver as lojas e centros comerciais cheios de gente numa correria às compras com expressões de cansaço e stress, e as árvores de Natal que partilham nas redes sociais estarem rodeadas de dezenas de caixas brilhantemente embrulhadas, com laços de magia e estrelas cintilantes. Neste Natal... talvez como em todos, convido-te a pensares na tua intenção. Qual a intenção, para ti, desta época? O que queres experienciar, sentir, viver? Qual a intenção de cada gesto, cada prenda, cada momento? E nessa intenção, faz aquilo que vai ao encontro da sua realização, da tua realização. Se isso incluir prendas, segue em frente e desfruta livremente desses momentos de partilha. Se isso inclui abraços, sorrisos e proximidade com aqueles que te são importantes, segue em frente e desfruta livremente desses momentos de partilha. O que ver que seja a tua intenção, faz com que aconteça com consciência, com sentido de viveres o que queres viver, e de proporcionar a quem te rodeia a tua liberdade de amar. Boas festas, recheadas de boas intenções - as tuas - e boas partilhas :) Sabes aquele comportamento que achas que não devias fazer (porque te faz mal, porque achas que é errado ou outro motivo qualquer) e ainda assim... o fazes?
Se te recriminas por isso, se sentes algum tipo de culpa, podes relaxar agora. És normal. És perfidamente normal. Está tudo bem! O teu sistema é perfeito tal como é e sabe exactamente o que é bom para ti. Por vezes, escolhe expedientes que podem ser prejudiciais nalgumas áreas, sabendo que te trazem algum tipo de benefício noutras áreas. A parte boa é que, agora que estás consciente disso e que sentes que esse comportamento te trás algumas vantagens, por obscuras que por vezes possam parecer, podes agora ir ao encontro de comportamentos alternativos que te proporcionam os mesmos benefícios e sejam mais ecológicos para ti. Sabes como? |
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