As coisas em si mesmas não têm qualquer valor. São o que são. Uma cadeira é uma cadeira, um acontecimento é um acontecimento. Os valores são inexistentes, assim como quaisquer significados. A "realidade", seja o que for, é algo que nós percepcionamos através dos nossos limitados sentidos e posteriormente filtrados pelas nossas crenças, valores, experiências e foco. Portanto, a construção que fazemos da realidade é apenas isso mesmo, uma construção. Trata-se de uma perspectiva altamente subjectiva e temporária. Desta forma, o que quer que seja que estejas agora a avaliar, julgar, atribuir um qualquer valor, vale o que vale. É o resultado das tuas percepções, filtradas pelas tuas crenças, valores, experiências, foco que geram um determinado estado emocional e que por sua vez também serve de filtro às percepções dos nossos sentidos... E isto é um ciclo vicioso, mais ou menos parecido com o dilema do ovo e da galinha. Pode-se, portanto, concluir que o valor, julgamento, significado das coisas existe apenas na nossa cabeça! Se alguma situação na tua vida não tem o significado que gostarias que tivesse agora, ressignifica! Atribui-lhe outro significado, e mais outro e ainda outro. Abusa da tua capacidade criativa agora mesmo. Ainda que pareçam despropositados, desalinhados ou inadequados. Continua agora a ressignificar. Nesse processo, vais encontrar novos recursos para lidar com a situação em questão e, naturalmente, novas possibilidades se vão agora apresentar. Se somos nós que atribuímos o significado às situações, então isso quer dizer que posso atribuir um significado que crie em mim a possibilidade de agir e encontrar novas formas de lidar com as situações em que me encontro a cada momento, e com isso obter melhores resultados. Imagina agora o poder da ressignificação na tua vida! Por vezes observo que o resultado de uma aprendizagem é o condicionamento de uma nova forma de agir ou estar. Aprende-se algo novo e isso passa a ser a norma, consistentemente. Nestes casos, não houve um verdadeiro crescimento. Observa-se apenas a substituição de algo anterior por algo novo. Nada mais que isso. Por mais aprendizagens que se façam, as opções continuam sempre reduzidas a uma - a última! O crescimento advém de quando aprendes uma nova forma de agir ou estar, e passas assim a ter mais uma escolha no teu cardápio de opções. Podes optar pela anterior ou pela nova, dependendo dos resultados pretendidos e do contexto em que te encontras. E ao longo das múltiplas aprendizagens, mais opções acrescentas ao teu cardápio, e mais flexível te tornas pela multiplicidade de escolhas que podes fazer. E desta forma, cresces... Algumas pessoas gastam tempos infindáveis a tentar perceber se uma dada decisão será a menos ou mais acertada passado determinado tempo, quando podiam estar a utilizar esse tempo para viver a experiência do que quer que seja que decidam fazer agora. Não há forma de se saber se o que decides hoje será, efectivamente, uma decisão acertada daqui a umas semanas, meses ou anos. O que hoje parece ser bom, amanhã poderá parecer mau, e vice-versa. Por isso, o que quer que decidas, decide com base no que sentes hoje, agora, neste mesmo instante. Amanhã será outro dia, e amanhã terás oportunidades adicionais de tomar novas decisões, com base em novas experiências e aprendizagens. Só há um tempo certo: agora! Há um conto sobre um cego que caminha num campo e, à sua frente, encontra-se um poço. Enquanto ele caminha, um outro homem observa, atento. O cego tropeça na borda do poço e cai lá dentro.
De quem é a responsabilidade? Do cego... do observador? Há vários pressupostos neste resumo do conto:
Existem inúmeras possibilidades e algumas ilações a retirar. E no plano em que vivemos, também é importante decidires o teu papel em relação à humanidade. "Não nos devemos desesperar com a humanidade, uma vez que nós mesmos somos seres humanos." ~ Albert Einstein Há dias vi um filme com uma referência ao medo que me deixou pensativo: Curiosamente, nunca me tinha sido apresentada esta interpretação do medo. Claro que já tinha lido sobre interpretações semelhantes, mas nunca tão definitivas, radicais e, na minha modesta opinião, pouco produtivas, Então decidi procurar e encontrei dezenas (para ser simpático) de imagens e referências ao medo sobre esta mesma perspectiva: - o medo é falso! Mas será o medo SEMPRE falso?
O medo, desenvolveu-se como um mecanismo de nos proteger contra riscos eminentes. Logo, é natural e saudável - mantém-nos alerta e vivos. Contudo... ah... contudo!!! Pois... O medo pode ser despropositado, e até inibir ações positivas e benéficas. Sendo o resultado de uma evolução primitiva, estava essencialmente orientada a riscos de vida. Hoje, esses riscos são mínimos, salvo algumas excessões ligadas a profissões ou actividades que impliquem risco constante. O medo surge, assim, como um alerta de risco de vida, mas agora associado a questões que nada têm a haver com riscos de vida. E é ai que surge o outro extremo: o medo é falso! Temos o mesmo medo que teríamos se estivéssemos perante um terrível ogre esfomeado, mas à nossa frente temos apenas um colega de trabalho, um cliente ou aquela pessoa especial que tanto queremos "conquistar". E que sentido faz isto? Talvez faça algum sentido... Bom... o medo não é falso. Apesar de tudo, continua a representar um sistema de segurança útil e benéfico à nossa sobrevivência... social. Ou seja, consideremos o medo como um alerta. A questão está em como lidamos com essa emoção tão natural como a alegria. Queixa-se da alegria? Provavelmente, não. Faça o mesmo para o medo. Tendo a capacidade de imaginar o futuro, é normal que comecemos a sentir medo em relação a cenários que, na nossa imensa e prodigiosa imaginação, se possam tornar reais. Até aqui tudo bem. Eu quero saltar de para-quedas e sinto medo porque, antes de saltar, começo a desenhar um conjunto de cenários entre os quais se encontra um, ou mais, em que me esborracho no chão após uma queda livre de cerca de 3 ou 4 mil metros de altura... porque me esqueci do pára-quedas?!? Isto é importante... o meu sistema alerta-me para uma possibilidade de risco de vida. O mesmo se pode dizer com atividades em que a vida não se encontra em risco. Tenho uma reunião importante amanhã e onde me vou expor. Sinto medo. Óptimo! O meu sistema está-me a alertar de que existe pelo menos um cenário em que algumas situações podem correr de forma desfavorável à minha pessoa, ou aos resultado que pretendo alcançar. Até aqui, perfeito! Obrigado por me estares a alertar. Obrigado por me lembrares que isto é realmente importante para mim. Obrigado por me manteres alerta sobre aspectos que eu poderia estar a negligenciar... nomeadamente, esquecer-me do pára-quedas. E agora?
O que se deve fazer?
O medo tem um propósito. E esse propósito é alertar-nos para algo. Alertar-nos para a possibilidade do para-quedas não abrir, por exemplo. Alertar-nos para a possibilidade de nos ser feita uma pergunta para a qual não temos resposta, ou sobre um tema para o qual estamos pouco preparados. E então?
Avaliar? Ou seja... Segundo o Skydive Portugal, as pesquisas francesas com base em estatísticas mundiais para desportos considerados perigosos indicam que, em primeiro lugar, se encontra a Asa Delta como desporto mais perigoso. Depois o Alpinismo, seguido de BTT. Por fim o, Mergulho e o Automobilismo. Só em sexto lugar surge o pára-quedismo. O pára-quedismo é, sem dúvida, um desporto de risco. Porém, este risco é minimizado por uma série de equipamentos e atitudes que contribuem para tornar este desporto cada vez mais seguro. Atualmente, o paraquedismo moderno é extremamente seguro. O que posso fazer, então? Cumprir todos os procedimentos de segurança e mais alguns que considere necessários, ter uma atitude adequada à atividade em questão, e reconsiderar se isto é mesmo para mim. Cumpridos estes pressupostos - aceitar, observar, escutar e avaliar - é o momento de atuar em conformidade e seguir com a decisão tomada. Possivelmente com algum nervosismo... ou não fosse um humano normal. É bom lembrar que o medo é um alerta com base em cenários, e que isso nada tem a haver com o perigo que, dependendo dos contextos, pode ser bem real. No caso da reunião, em que é que eu ainda não me preparei o suficiente? O que posso fazer mais para estar melhor preparado? Que cenários não considerei e que convém preparar? Qual o custo/benefício de todo este trabalho adicional? Há tempo para fazer estas ações ou a reunião começa já dentro de 5 minutos? Compensa... não compensa? Já fiz tudo o que está ao meu alcance agora? Nesse caso, está tudo bem. O medo, nestes casos, deixa de existir. É como se fosse alguém a reclamar por atenção. Quando damos a atenção adequada, tudo fica bem. Quando não damos, a necessidade de atenção aumenta. Assim é o medo. É uma emoção natural e positiva, que pode ser um excelente aliado em inúmeras situações... se soubermos lidar com ela. E a estrutura? Pois... a estrutura. É que, por vezes, o medo não surge como resultado do pensamento sobre um cenário hipotético. Há medos baseados em experiências passadas - traumas, memórias reprimidas, associações emocionais - onde por norma existe alguma dificuldade em racionalizar e ultrapassar. Um dia conheci um homem que tinha a consciência de que a sua crença era desprovida de qualquer sentido. Ele acreditava que, se comesse uma ostra crua, o seu organismo reagia muito mal com resultados nefastos ao seu equilíbrio fisiológico e psicológico. Podem imaginar ao que me refiro. O certo é que ele não gostava de ostras cruas, mas adorava-as cozinhadas, especialmente em omelete. Um dia decidiu provar uma crua e, por não gostar, por nojo ou porque simplesmente lhe caiu mal naquele momento, teve uma experiência extremamente negativa durante o resto do dia. Sempre que pensa em voltar a provar uma ostra crua, começa a sentir-se mal e acaba por não provar. E ele diz... "eu sei que isto é estúpido e que não existe qualquer motivo para me sentir mal... mas é assim". O que quero salientar é que o nosso sistema cria associações, por vezes inesperadas, de emoções com determinados eventos, e nem sempre com relações de causa-efeito. Essas associações podem tornar-se fortes e difíceis de alterar racionalmente. Não resultam do nosso pensamento, estando neurologicamente programadas para ocorrer sempre que se verifique determinado evento. Nestes casos, a questão do medo poderá ter de ser lidada de uma outra forma, e poderei abordar este tema num artigo futuro. Ainda assim, é sempre positivo elevar à consciência a estrutura visível dessa emoção, o que também pode ajudar a médio prazo. E agora... que se siga a aventura... Post Scriptum: Gostaria de acrescentar dois pontos:
Há uma estratégia que, geralmente, não falha na criação de sucesso de uma empresa: se criar um ambiente de trabalho saudável e ecológico, terá uma legião de profissionais a defender e a fazer crescer a sua empresa. Claro que há pressupostos! Há o pressuposto de se contratarem as pessoas certas. Com "pessoas certas" não se quer dizer, necessariamente, pessoas certificadas, provas dadas no mercado, notas elevadas ou PhD's. Com "pessoas certas" quer-se dizer:
Também precisam de ser ouvidas, ter voz, e que lhes sejam dadas oportunidades para decidir e fazer, mesmo correndo os riscos de errar... e por vezes, errar muito. Mas tudo isto começa por si, pelo seu exemplo. E é nesse pressuposto que se criam equipas fortes, líderes, e capazes de ultrapassar obstáculos autonomamente e sobreviver com sucesso à ausência do seu líder de topo. E é neste contexto que se criam empresas cuja imagem vai muito além dos seus produtos e serviços... e isto só se consegue com equipas auto-motivadas, eficientes e eficazes. A questão que se coloca é: está agora preparado/a para ser um(a) verdadeiro/a líder? Para quem observa de fora, o nascimento de uma borboleta é um acto maravilhoso. É aquele momento de transformação, em que o casulo é aberto por dentro, praticamente rasgado, e a borboleta se esforça por sair até ao momento em que abre as suas majestosas asas e desenrola as antenas, ora uma e depois a outra, como se espreguiçasse aptos o longo esforço. Na verdade, a transformação começou muito antes, ainda a borboleta não era borboleta. Começou como um pequeno ovo de onde se desenvolveu uma larva ou lagarta ... e um dia criou um casulo onde operou lentamente a sua metamorfose, até que um dia... Sabias que o ciclo é o mesmo para uma joaninha? Quando alguém sobressai com sucesso por algum feito, são muitas as observações de terceiros sobre a sua sorte, o acaso que só acontece aos afortunados, aconteceu porque assim estava escrito, foi obra do destino, ja tinha o talento de nascença, houve quem desse apoio porque de outra forma seria impossível... e talvez num ou outro caso possa acontecer numa dessas formas. Por norma, e quase sempre, há um longo caminho que antecede aquele momento de "fama"... e quase ninguém o nota. Quando te perguntares porque é que aquela pessoa conseguiu assim de repente e tu não, observa todo o percurso que aquela pessoa fez até àquele momento, todo o esforço, paciência, dedicação, preparação... atitudes acertadas e... muitos falhanços... e nota que esse percurso, muitas vezes, começa anos antes do momento significativo. É nesse percurso que reside o segredo. Aprende com isso, adapta, melhora, faz ao teu jeito. E quando falhares, porque vais falhar!, retira mais uma aprendizagem, adapta, melhora e torna a fazer. O teu dia está a chegar! Abre as asas e... voa... |
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