No seu entendimento, era importante que os colaboradores tivessem controlo consciente sobre a sua postura corporal, movimentos das mãos e expressões faciais, de forma a demonstrarem abertura e compreensão, mesmo nas situações mais adversas, e que aprendessem essas posturas e expressões em todos os momentos.
A questão que coloco é:
Será possível controlar conscientemente um vasto conjunto de movimentos que são, na sua maioria (especialmente as micro-expressões faciais), executadas de forma inconsciente?
A minha experiência dita-me que este controlo fica no mínimo estranho, por ser incongruente com os sentimentos que a pessoa possa estar a sentir naquele momento. Ou seja, se é importante "ensinar" essa comunicação, é porque ela não está a acontecer, o que muito provavelmente é um forte indicador que os sentimentos desses colaboradores vão noutro sentido.
Adicionalmente, por mais controlo consciente que se tenha em parte da comunicação não-verbal, haverá sempre uma parte que vai espelhar o que realmente se passa lá dentro. Daí a nossa sensação, tantas vezes, de que "aquela pessoa" não parece ser confiável, ou teve uma atitude estranha, ou "deve estar desconfortável" com alguma coisa. Em resumo, achamos que a pessoa foi incongruente na sua comunicação.
A minha proposta, nestes casos, vai sempre no sentido de trabalhar o que está a gerar essa comunicação, começando pelas representações internas dos diferentes contextos, através da criação de sentimentos que espelhem aquilo que se pretende, efectivamente, demonstrar... e que até pode ser a abertura e a compreensão. Acredito que todos sabemos e somos mestres na comunicação não-verbal, e que se estivermos alinhados com uma forte intenção, teremos uma comunicação global congruente e eficaz.
Ou seja, se sentires abertura e compreensão, podes centrar a tua atenção no que é importante naquela relação, nomeadamente na comunicação do outro, confiando que toda a tua comunicação não-verbal será congruente com a abertura e compreensão que sentes.