Por vezes ocorre aquele acontecimento fantástico... e não pensas noutra coisa. Agarras-te a esse acontecimento como se nenhum semelhante voltasse. Ganhas medo da sua ausência. Passas a temer a tua solidão. A magia perde-se. Então, ficas com saudades daquele momento fugaz. Crias a tua própria prisão na ilusão de que, se te agarrares bem àquele momento, ficas bem, em segurança, feliz, talvez até com uma certa sensação de sucesso. Mas é uma ilusão, e sabes muito bem disso. Ainda assim, agarras-te com todas as forças, até que crias a convicção de que aquele acontecimento és tu, que te define como pessoa, como ser único e individual. Continua a ser uma ilusão, mas agora com estrutura, pilares sólidos, tecto e chão de pedra. Manténs essa estrutura a muito custo. Por vezes sentes a pedra a ruis, observas as rachas a ganhar espaço, a cortar paredes e a abrir o tecto. O chão parece desfazer-se debaixo dos teus pés. E sabes, nesse momento, que tens duas opções... ou fortificas a estrutura, ou livras-te dela. Percebes que fortificar implica investir mais energia, esforço e dedicação para algo que, no fundo, sentes não ser real. Libertares-te da estrutura significa o desconhecido, sem paredes, sem tecto, sem estrutura, mas uma liberdade imensa. Ficas na dúvida. Não sabes o que fazer. Situas-te entre a ilusão da segurança ou a liberdade do desconhecido. O que será mais importante para ti... a ilusão da ordem ou o sentido da liberdade? Não sabes, mas sabes. E sabes muito bem. E a demonstração disso é que continuas na dúvida. É natural. Relaxa. Se não tivesses dúvidas, estava resolvido. Mas a dúvida existe, e se existe é porque a possibilidade do outro lado te faz sentido. Ressoa em ti. Sabes que, na tua essência, não há ordem, não há uma estrutura rígida que te define. Sabes que, na tua essência, tu és...
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