Ao longo do tempo, a linguagem ganhou corpo, massa, forma e a capacidade de mudar corpos físicos. Na verdade, a linguagem não faz nada disso. É somente uma estrutura criada com o fim de comunicar coisas com recurso ao som ou representações gráficas às quais chamamos de escrita. A responsabilidade da mudança, do impacto, da influência, está em cada um de nós.
Como poderei eu sentir-me inspirado pelas tuas palavras?
Como poderei eu sentir-me ofendido caso decidas dirigir-me algumas palavras depreciativas?
Isso só acontece caso eu decida, consciente ou inconscientemente, participar na tua comunicação. E se eu decidir fazer isso, o meu estado emocional, seja ele qual for, não será o resultado da tua linguagem, e sim das minhas representações internas que eu escolho atribuir, naquele momento e contexto, à tua linguagem. E são essas minhas representações internas, os significados que lhes atribuo, que promovem a alteração do meu estado emocional. Em suma, eu altero o meu estado emocional
Mas hoje, estamos profundamente envolvidos com linguagem. Ela passou a ser algo mais que um conceito abstrato cuja utilidade vai muito além da descrição de coisas, passando a assumir formas de tocar e criar impactos nos outros. Sabendo isto, mesmo que a um nível muito inconsciente, escolhemos tantas vezes puxar para o nosso enredo diversas pessoas à nossa volta com a intenção de as influenciar, seja em que sentido for, E sabendo isto, dizemos, intencionalmente ou não, tantas palavras com o fim de provocar, na outras pessoas, determinadas emoções.. E sabendo isto eu aconselharia, tal como Milton Erickson afirmou numa entrevista, que escolhas bem as tuas palavras, pois elas poderão ter um forte impacto naquele momento, assim como a vinte anos após as teres proferido.
E aquilo que eventualmente estarás a sentir agora não é efeito destas palavras que aqui lês, e sim das representações que crias ao juntares estas letras em palavras e essas palavras em frases, às quais atribuis os significados que, para ti, melhor sentido fazem face à tua experiência, cultura, estado emocional actual e o teu sistema de crenças. Da minha parte, declaro-me apenas responsável pelas ideias que pretendo transmitir, de que és livre de aplicares os significados que aqui escolheste associar e de sentires aquilo que sentes agora, independentemente daquilo que eu aqui escrevi.