De repente, uma das viaturas da faixa do meio encaixou-se entre mim e a viatura da frente, acelerando em simultâneo, o que me obrigou a abrandar. Atenção que escrevi "abrandar" em vez de "travar", porque foi exactamente esse o caso. Abrandei talvez uns 10 Km/h para manter a distância de segurança (foi positivo o facto do condutor ter acelerado no momento em que se encaixou), até porque o piso estava molhado da chuva recente.
Naqule instante soltou-se um impropério pela inconveniência e o oportunismo do condutor ao aproveitar-se do meu espaço de segurança, colocando-nos em risco. Aqui estou eu com pressa de chegar ao meu destino em segurança e este "anormal" veio atrasar ainda mais a minha chegada. Nesse mesmo instante em que tive estes pensamentos, surgiu-me outro - "Deves estar com pressa, deves..."
Este foi o momento em que me comecei a rir. Se calhar, ele, ou ela, estava mesmo com pressa, tal como eu. Talvez possa ser inconveniente a sua intromissão na minha fila (como se fosse minha, que não é... é apenas a faixa em que circulo). Naquele momento, senti-me livre e sereno, e talvez aquela pessoa estivesse até com maior urgência que eu.
Eu cheguei um pouco depois da hora que tinha determinado, e muito a tempo para tudo aquilo que estava planeado para esse dia e todos os compromissos assumidos. A outra pessoa, espero que também.
O julgamento que fazemos a cada momento é apenas um de muitos julgamentos a que podemos aceder. E não tem qualquer valor, pois baseia-se em pouco ou nenhum conhecimento e causa. Se tiveres mesmo de julgar, escolhe aquele que te traga os melhores resultados.