Já deves ter ouvido recorrentemente o conselho, cliché da motivação pessoal, sobre não desistir. Além do óbvio foco naquilo que se pretende evitar - desistir - o que apenas reforça a desistência em si, será assim tão negativo desistir? Pessoalmente, vejo a desistência como apenas uma de muitas estratégias para um fim, e deixo apenas duas ou três considerações abaixo... |
Por exemplo, pessoas que continuam na mesma carreira por vários anos ou décadas, apenas porque foi essa a escolha que fizeram numa altura em que essa via parecia ser a mais aliciante ou inspiradora. Lamentam-se e castigam-se dia após dia, cada manhã de trabalho é um martírio e só o vislumbre da segunda-feira gera sentimentos de desgosto e mal estar.
Por exemplo, os relacionamentos que permanecem apesar da ausência de amor, sequer de carinho e prazer na companhia mútua, porque desistir significa... sim, pode significar tantas e muitas coisas decididas no passado, desde o desfazer de crenças à inevitável destruição de um sonho passado e não concretizado.
E insistem... insistem em trabalhar em empresas ou manter carreiras que pouco ou nadas lhes dizem. Insistem em relacionamentos que não funcionam. Insistem em comportamentos que só trazem angustia, luta, esforço desnecessário e desgaste físico e emocional. A paciência esgota-se, os nervos cobram o seu espaço, o corpo paga a conta final em contas de farmácia e hospital.
Por vezes, desistir pode ser mesmo uma excelente estratégia. Pode ser a oportunidade de mudança, de descoberta de algo novo, de um caminho diferente.
Talvez seja difícil desistir. Talvez requeira coragem, energia e abertura para errar uma e outra vez. Talvez requeira amor-próprio. Talvez requeira a confiança de que merecemos e somos capazes de encontrar aquilo que verdadeiramente nos faz vibrar por dentro. Talvez... Mas a aprendizagem, o sabor de experimentar algo novo, o cheiro da descoberta de um sentido que corresponde à nossa essência, à nossa vontade de concretizar o nosso sentido de identidade... essa é única e revigorante. E nessa concretização do que agora sentimos cria-se aquela sensação de felicidade e bem estar, de sucesso pessoal, da segurança do que é sermos nós mesmos .
O que te leva a insistir ou a desistir é a questão basilar... quais são as tuas motivações mais profundas? O que pretendes com tudo isto? O que ganhas ao permanecer e o que perdes ao permanecer. E não há respostas universais. Desistir... insistir... qualquer destas opções é uma estratégia igualmente válida.
Nota que... desistir como acto de fuga não é, provavelmente, a solução certa. Da mesma forma, insistir por medo da mudança ou do desconhecido, pode ser igualmente negativo..
Insistas ou desistas, que isso signifique a concretização de algo que para ti é o mais importante em ti...
Boas escolhas :)