Escrevi um texto que me pareceu adequado sobre a liberdade. Afinal, eu tinha vindo de um país que acabara de sair de uma ditadura pouco mais de 10 anos antes, com todos os desafios que se viveram nessa época sobre liberdade, impostos, nacionalizações, privatizações, corrupção, pressão social, etc. E eu, na minha inocência e inexperiência de vida, escrevi e expliquei de várias formas o que significava "liberdade" para mim.
No final, a professora escolheu um texto. Era um simples, curto, e muito objetivo. Era um texto de um colega de turma, que ela leu e que, após terminar, nos silenciou por alguns momentos. Afinal, o verdadeiro sentido de "liberdade" só podia vir de alguém que efectivamente tinha experienciado a falta dela, pelo apartheid que viveu na África do Sul e por todos os desafios que isso implicou no país onde estávamos a viver naquele momento.
Como é que um adolescente de 15 anos, de uma forma tão clara, objetiva e realista, deixa uma mensagem tão forte?
Não me recordo exactamente do texto, mas recordo-me da emoção, da empatia que senti com ele naquele momento, e de relembrar o meu sentido de liberdade que me pareceu, naquele instante, tão fútil.
Recordei esse momento hoje, ao ver um video sobre esta nova vaga de refugiados.