Esta é uma observação que oiço com alguma regularidade. O que já é bom... porque na maior parte dos casos as pessoas demonstram mais o desconhecimento do que fazer ou do que querem, do que propriamente o conhecimento de uma direcção ou o desejo do que quer que seja. Mas deixemos isso para outras escritas e leituras.
O que te impede, verdadeiramente?
Esta é uma das perguntas que mais frequentemente aplico quando me dizem o que gostariam de fazer ou ter, mas... e vem sempre um "mas" logo a seguir. Por norma, o "mas" vem seguido de um silêncio, como se de um momento de análise se tratasse. Na maioria das vezes não é o que sucede. A pessoa fica ali bloqueada numa espécie de impossibilidade indefenida.
Insisto: "O que te impede?"
Há 3 tipos de respostas que mais frequentemente costumam surgir:
- Uma história, que invariavelmente se inicia com o "Porque...". E com esta justificação, porque isto ou porque aquilo, cria-se uma barreira aparentemente intransponível;
- "É difícil!", ao que se segue uma lista de dificuldades e barreiras como leis, dinheiro, tempo, energia, família, localização geográfica, conhecimento, governo, "os grandes", economia, idade, etc. perante as quais o benefício parece não justificar o custo;
- "Nada!", ao que se segue aquilo a que chamo de orgulho egocêntrico. Desta resposta costuma resultar um de dois cenários: (i) "Eu é que não quero!", o que me leva a pensar então na razão da pessoa se lamentar, ou (ii) "A mim ninguém me impede.", seguido de." Quando quiser faço!" ou "Nem é assim tão importante.". Qualquer destas respostas me leva a pensar mais ou menos o mesmo do ponto anterior - "Então porque estamos a falar nisso?"
É interessante observar, após algumas perguntas, que na maioria das vezes, o verdadeiro impedimento é a própria pessoa. Só algumas vezes a pessoa a quem questiono responde... "Pois... nada.", seguido de um Vou fazer!" ou num momento de silêncio a pensar nas diferentes formas de o concretizar, apresentando de seguida duas ou três possibilidades.
A aparente falta de um ou mais recursos internos como coragem, energia, dinamismo, determinação, disciplina, garra, calma, tranquilidade, observação e/ou variados outros recursos estão na base estrutural de qualquer impedimento externo identificado. Não é o estado, a economia, a melhor ou o marido, os filhos ou a vizinha da frente que impedem o que quer que seja. O impedimento, se é que existe algum impedimento na verdadeira acepção do termo, é totalmente interno e pessoal. E por vezes descobre-se que aquilo que se deseja afinal nem é assim tão interessante e, ou já se tem o que parecia faltar, ou o que realmente se pretende é outra coisa mais significativa., E é tão gratificante observar a mudança de atitude quando, após se responder a algumas das perguntas colocadas com real interesse em descobrir-se e renovar-se, concluir que, afinal, por mais difícil ou fácil que o objectivo pareça ser, é tão simples dar aquele primeiro passo em frente.
Eu não sei o que realmente queres, mas acredito que tu sabes, mesmo quando pode parecer o oposto, e também acredito que sabes como lá chegar. E a pergunta que te coloco é... já sabes qual é.