O que isto significa é que o valor de qualquer objecto ou evento é, na verdade, especulativo (mesmo quando é pré-determinado). Ou seja, o valor que pagamos por um concerto, por exemplo, é especulativo, calculado com base na percepção de interesse do público e de um vasto conjunto de outras variáveis, a que normalmente chamamos de valor de mercado. O valor de um determinado ordenado, talvez o teu, é especulativo, determinado por um conjunto de variáveis, cada uma delas igualmente especulativa, à qual damos o nome de valor de mercado. O que pagamos por uma determinada acção, por exemplo, andar 10 kms de bicicleta, é também especulativo, baseado na intenção, emoção sentida ou percepcionada, ganhos futuros percepcionados, etc.
Cada coisa, em si mesma, não tem qualquer valor. Andar de bicicleta é apenas andar e bicicleta. O custo energético de o fazer varia de pessoa para pessoa, de contexto para contexto, e até com a mesma pessoa varia de momento para momento. Assim como tudo o resto.
Neste pressuposto de que o valor real é inexistente, passamos uma vida inteira, décadas após décadas, a viver segundo a percepção de valor que atribuímos, directa ou indirectamente, a toda e qualquer situação nas nossas vidas. E é com base nessas percepções que gerimos as nossas competências, a nossa produção, os nossos relacionamentos, a nossa arte, os nossos bens... as nossas emoções.
Assim, é tão válida a tua percepção de valor, como a de outras mais de 7 mil milhões de pessoas que habitam este planeta. Cada uma dá o seu valor a cada momento. Usa-o com moderação, pois esse teu valor é precioso, e só existe na tua percepção do mundo tal como o concebes agora.