Ao ler um livro recentemente editado deparei-me novamente com esta questão. Nesse livro, a autora descreve uma experiência pessoal que culmina no seguinte ponto:
"Desde que me conheço que ando à procura de 'algo', sem saber bem o quê. Já meditava há uns anos, uns períodos com maior intensidade, outros com menos, e comecei a sentir um chamamento muito profundo. Lia cada vez mais, investigava, falava muito sobre esse sentimento." (in "Heartfulness - Enfrente a vida de coração aberto", Mikaela Owen, Porto Editora, 2016) E aqui aproveito para recomendar este livro. |
O que observo muitas vezes é essa aplicação no exterior a nós mesmos, invés de em nós mesmos. Procura-se "o algo" nos outros. Procura-se "o algo" nas coisas. Procura-se "o algo" nas actividades externas. Procura-se "o algo" em toda e qualquer parte excepto onde ela pode efectivamente ser encotrada - no nosso ser. E muitas vezes procura-se "o algo" no futuro... e nesse futuro, seremos felizes, completos, atingiremos o nirvana.
Porquê? Por vários motivos e que provavelmente agora pouca importância têm para este artigo. Prefiro, em vez disso, debruçar-me sobre como podemos fazer diferente. Claro que parto do pressuposto de que toda essa busca no exterior resulta num vazio... mas é-o apenas face ao algo que se procura. São experiências recheadas de aprendizagens e que nos podem conduzir a feitos mafníficos. Naquilo que é o mais importante, é um tiro ao lado.
Em primeiro lugar, é capaz de ser boa ideia sabermos... não o que procuramos, e sim o que queremos encontrar! Ah... esta é uma questão pertinente, e aparentemente coberta de um preciosismo pouco interessante. Mas atenta bem aos termos aqui utilizados... "procurar" versus "encontrar". Deixemos essa conversa para outra altura... enquanto te focas naquilo que é mesmo relevante para ti neste artigo.
Adiante... voltemos ao algo!
Sabemos que queremos algo porque sentimos falta de algo, e de algo em concreto (amor, aceitação, suficiência, etc.). Só não percebemos bem o que isto significa na prática. Então, procuramos... e nessa procura, perdemo-nos... eternamente à procura. E persistimos... passamos de relacionamnto em relacionamento porque ninguém preenche esse vazio, de trabalho em trabalho porque nunca nos satisfaz, de conquista em conquista porque a última não foi suficiente, e por isso aumentamos a fasquia dizendo que "desta vez é que é, e quando lá chegar vou finalmente ser feliz"... mas nunca se chega lá... nunca preenche. Por vezes, apenas por vezes, sentimos uma espécie de preenchimento. Depois verificamos que é apenas uma lilusão, que tudo não passou de uma massagem ao ego e de um conforto momentaneo. E quando esse exterior desaparece, sentimo-nos sós, isolados num vasto campo vazio numa noite de lua nova
Então... sejamos práticos e objectivos!
O que é que queremos? Sim... queremos amor, aceitação, ser suficientes, o que quer que seja. Mas em que é que isso se traduz? Num carro novo? Numa promoção profissional? Numa relação com a pessoa X ou Y? Num prémio milionário? Num reconhecimento público? Em 100 mil Likes no facebook? O que é que tem de acontecer, especificamente, para se viver o que se quer viver?
Todas essas coisas já estão em ti!
E no momento em que as reconheceres e viveres em ti, passarás a ver e a sentir essas mesmas coisas fora de ti.
Ou seja...
- Vive amor em ti e por ti (e digo-te que tens muito amor ti agora). Por mais que te amem, esse amor nunca ressoará perfeitamente em ti até o viveres a partir de ti. Podes sentir que te amam, provavelmente até te sentes bem com isso e podes até procurar que te amem mais ainda, mas será sempre temporário, insuficiente, superficial e provavelmente centrado no teu ego. Por isso, experimenta, primeiro, amares-te incondicionalmente, assim mesmo, agora mesmo, tal como estás agpra, onde quer que estejas. Olha-te ao espelho e afirma, com amor, compaixão, convicção: "Eu amo-te!"
- Aceita-te como és! A tua aceitação começa por ti e para ti. És o que és, com todas as imperfeições e qualidades. Fica com esta dica: enquanto não aceitares o teu todo, dificilmente conseguirás mudar em ti as partes que queres mudar.
- Tu és suficiente! Começa por ti. Haverá sempre alguém melhor que tu, e pior também! Tu és suficiente, e mais que suficiente. E sabes que mais? Podes ser ainda mais, passo a passo, momento a momento! Por isso relaxa, e vive!
Toma atenção a algo muito importante: aceitares-te como estás, sentir a suficiência que já és, amares-te assim mesmo, plena e incondicionalmente, é muito diferente de estagnação. Pelo contrário, é nutrires a tua pessoa, o sentimento de ti, para que possas seguir em frente com sentido, com propósito, com dignidade, e continuares a evoluir ao longo de todos os caminhos que escolhas trilhar a cada momento.
Começa por ti... em ti!
A felicidade vive-se hoje, agora... neste preciso momento.
"Não existe caminho para a felicidade... A felicidade é o caminho."
~ Mahatma Ghandi