Por um lado temos o recurso a técnicas de criar estupefacção e sensacionalismo no público... o que atrai leitores, audiência, o que por sua vez atrai publicidade e, com isso, rendimento! Por outro temos a necessidade de exteriorizar sentimentos, raiva, medo, superioridade ou seja lá o que for que impele cada um a julgar o que outros fazem ou dizem.
Invariavelmente, julga-se por aparência. Raramente observo um julgamento que procura a raíz da coisa. Alguém proferiu uma determinada afirmação ou actuou de determinada forma e, sem se ter em conta o contexto ou intenção, cai o céu e a trindade. Mais raro ainda é ser apresentada uma alternativa informada ao julgamento efectuado, o que poderia evidenciar pensamento sobre a questão, uma observação atenta e cuidada, alguma aprendizagem de alguma espécie, por mais subjectiva que fosse (e é sempre!). Mas não... julga-se apenas e com base numa fina superfície de conhecimento.
Talvez esse julgamento seja necessário... talvez seja uma forma de deitar ca para fora algumas mágoas, ressentimentos, frustrações, raivas ou medos reprimidos, ou qualquer outro sentimento tão espezinhado que precisa sair aos poucos como vapor dentro de uma panela de pressão. Talvez...
E tal como essas pessoas que julgam de forma tão fácil... também eu estou aqui a fazer alguns julgamentos. Julgamentos sobre as suas necessidades, sobre a qualidade dos seus comentários, sobre a forma como esses julgamentos são feitos.
Mas sei uma coisa... o julgamento é, por natureza, subjectivo e baseado numa parte da nossa percepção da realidade. E nesse pressuposto, todo o julgamento é igualmente válido. Por outras palavras, quem julga bem e quem julga mal está igualmente certo.
- Aquilo que está escrito à entrada dos tribunais é completamente errado. Ali não se faz justiça, aplica-se a lei. Porque o sentido de justiça varia de pessoa para pessoa, o que a torna praticamente impossível de aplicar. A lei, por outro lado, é igual para todos.
Quando te apanhares a julgar, observa o que pretendes ganhar com isso... o que poderá estar a motivar esse teu julgamento. E observa também em que te estás a basear para esse mesmo julgamento. Talvez... se te colocares numa perspectiva diferente, faças um julgamento muito diferente.