Quando te lanças ao encontro de ti, fixas-te na ideia de ti, na tua história, nos teus desejos, ou nas infinitas possibilidades de ti?
Quando a amizade é incondicional, livre de procura no outro da satisfação das necessidades pessoais, não há tempo que a esqueça nem distância que a separe. E cada reencontro será sempre uma continuidade natural do anterior.
Mudar é obrigatório?
Definitivamente... não! Não é obrigatório. É inevitável! Por mais que faças por não mudar, a mudança acontece independentemente da tua vontade. A vida "lá fora" continua, o teu corpo desenvolve-se, os teus pensamentos fluem, a tua energia flutua. Há movimento, e movimento é mudança. É a vida em ação. Mudar não significa melhorar. É apenas uma mudança. E está em ti a criação e escolha de caminhos que façam das mudanças melhorias. Muitas vezes isso não vai acontecer, e é uma aprendizagem. Muitas vezes, vai acontecer, e é uma aprendizagem! E toda esta experiência é maravilhosa. A quietude é sinónimo de ausência de mudança? A vida continua e com ela todas as mudanças da vida. É um estado de observação, interna e/ou externa. Parece, nessa quietude, que tudo para. No fundo, é apenas a não resistência a todas as mudanças. Quando escolhemos fluir, não resistir ao que é, experienciamos esta sensação de quietude. Não seria bom parar por uns momentos? Que tudo parasse para podermos respirar e aliviar o stress... Esta é uma pergunta que vem, precisamente, de um ponto de resistência. Quando se resiste, tudo custa. Tudo exige um esforço enorme. É uma luta constante. E sim, nesses momentos surge a fantasia de que se tudo parasse, mesmo que por breves momentos, podemos respirar e abrandar o ritmo. Parar! Mas isso parece não resolver a questão de base, e se fosse possível, assim que tudo voltasse ao movimento, também a luta, o esforço, a resistência ao que é. Então, a solução não é parar, até porque isso é impossível. É deixar ir. É fluir. É aceitar. E é escolher. A quietude permite isso mesmo. A sensação de se parar, observar, sentir, escolher. É como encostar numa estação de serviço para abastecer o depósito de combustível numa longa viagem. Não é parar per se. O movimento permanece. A vida continua. É recuperar energia. É activar recursos. É alinhar as ações com as intenções mais profundas. É viver os teus valores mais significativos através do sentido natural do teu ser. E não seria bom poder parar tudo? É uma falsa questão na medida da sua aparente impossibilidade, Ainda assim, podemos divagar sobre o assunto... Num dos mergulhos de profundidade tive uma experiência inesperada durante a subida à superfície. Numa das paragens para descompressão, olhei à volta, para cima e para baixo, e não consegui encontrar qualquer referência que me indicasse a minha posição, profundidade, distância a qualquer coisa, e a única indicação de orientação eram as bolhas de ar a subir. Isso baralhou-me o sistema. Sem referências externas os sentidos ficam confusos e podem até causar náuseas. A mesma experiência é relatada por presos que passaram por solitárias em completa escuridão e silêncio. A ausência quase total de estímulos cria disfunção no nosso sistema. E nesse contexto, todo o nosso foco orienta-se na criação de movimento, na busca de algum estímulo externo que nos sirva de referência. Parar tudo significa a ausência de referências, pois tudo deixaria de servir como tal. As referências existem como pontos de comparação a um movimento (entenda-se movimento num sentido mais lato, como a sequência de pensamentos por exemplo). Sem pensamentos, sem ações, sem emoções nem sentimentos, sem experiências e sem aprendizagens. Estagnação pura. O momento em que tudo voltasse ao seu movimento natural, continuaria o processo no ponto em que este havia parado. Logo, a paragem seria ineficaz e completamente inútil. Então... não faz sentido desejar que tudo parei por momentos... Talvez o desejo mais profundo não seja parar e sim mudar para algo com sentido, algo que nos transmita a sensação de satisfação e felicidade. Por vezes estamos tão imersos naquilo que fazemos, seja isso pouco ou muito, que nos esquecemos de "parar", ou seja, ligar-mo-nos à tal quietude. Respirar fundo, observar, sentir, definir uma orientação clara e forte - uma intenção, propósito, missão, o que lhe quiseres chamar. E essa paragem, essa quietude, apenas acontece quando deixas de lutar, de te esforçar, e passas a aceitar as coisas como são. Isso não é o mesmo de inação. Não significa concordar ou resignar. Aceitar é ver as coisas como são, nem piores nem melhores do que são. É uma observação limpa de interpretações e julgamentos. É é nessa aceitação que ganhas a possibilidade de agir no teu sentido, fluindo como que é, sem luta. Quando acedemos à quietude, o que acontece? Numa só palavra: Gratidão! Quem és tu?
Quem, aí bem no fundo, na tua essência, és tu? O que define a tua identidade? Hoje, em conversa sobre quem achamos que somos, descobrimos que somos o que somos - algo intangível, intocável, indefinível neste nosso plano de existência. Parece que, tudo aquilo que conseguimos identificar é de alguma forma mutável, temporário e redutor da nossa extraordinária existência. E com base em padrões construídos ao longo do tempo, da experiência, dos reflexos percepcionados, de ideias romantizadas e tantos outros ideais e suposições, assumimos identidades que nos limitam e condicionam de alguma forma. E enquanto nos mantivermos agarrados a essas ideias feitas, com medo de explorar e descobrir algo além desses limites, dificilmente conseguiremos vislumbrar novos horizontes, assumir outras possibilidades, caminhos, e eventualmente aquilo que efectivamente é natural assumir a cada instante. E no fundo, sempre soubemos que há um outro e novo lado por explorar... O que farias agora se não acreditasses naquilo que dizes que és? Sabes aquele ditado popular que afirma "quem corre por gosto não cansa"?
Bem... cansa, mas não gera sofrimento. Eis como diferencio a dor do sofrimento: A dor é o que acontece e o sofrimento é como nos relacionamos com isso. A dor sente-se no momento, o sofrimento sente-se por antecipação, recordação ou profundo desacordo com o que está a ocorrer. Dor é o custo que se sente no momento em que acontece. Por exemplo:
A dor é inevitável. Faz parte do processo. Sem ela, não teríamos a mínima noção do que está a acontecer, da sua importância, do seu impacto. É importante sentirmos dor. Ajuda-nos a fazer escolhas mais acertadas, a aprender e evoluir. Sofrimento resulta da forma como nos relacionamos com o que acontece, e neste caso, com a dor. Por exemplo:
O sofrimento é opcional. Por norma, corresponde a um desafinamento interno ou da colocação do foco na limitação ao invés da possibilidade. O significado da dor resulta de vários factores tais como crenças, experiências passadas, cultura social, etc. O foco, que pode definir o significado como resultar dele, é a colocação da nossa energia num determinado aspecto da dor, e por norma naquilo que está fora do nosso controlo. Por exemplo, alguém importante partiu, e isso dói emocionalmente. Pode surgir o sofrimento pelo foco na sua ausência, naquilo que poderia ter sido e não foi e/ou naquilo que poderia vir a ser e nunca será. Mas ao colocarmos o foco nos momentos partilhados, nas emoções vividas em conjunto, na experiência partilhada, o sofrimento desaparece, e poderá até dar lugar a outras emoções como a alegria. Isso não diminui a dor, mas anula o sofrimento. Não anula o choro, mas gera leveza e preenche por dentro. Faz parte da experiência humana sentir dor, tristeza, dores musculares, exaustão... O sofrimento, por outro lado, resulta da construção da mente por interpretação ou julgamento, e raramente pelo que está efectivamente a ocorrer no momento presente. A dor e real e presente. O sofrimento é construído e alucinado. Pode doer ver alguém com dor. O sofrimento resultante dessa situação já depende da relação que se estabelece com esse processo de dor, quer da outra pessoa quer de quem observa. E no entanto, sofre-se. E quando se sofre, pode-se sempre observar esse processo, e escolher como lidar com essa dor de forma diferente. Hoje, neste aclamado dia dos namorados, sugiro que comeces pelo namoro mais importante da tua vida - tu!
Sugiro que te enamores profundamente, que ames incondicionalmente, que te mimes e adoces com carinho e um sorriso. Que trates de ti, da tua alma e do teu corpo. E depois, que enamores quem desejares enamorar, a partir de esse estado de amor próprio que nenhuma outra pessoa alguma vez te conseguirá proporcionar, mas que conseguirá sentir em ti, elevar e amar-te verdadeiramente só porque sim. E sorri... A distração serve de desculpa para muitas das situações por que passamos. E resulta tantas vezes em perdas de tempo, decisões inadequadas, desvios do propósito e desperdício de energia. Mas foi só uma distração, coisa simples e tão natural. Afinal, toda a gente se distraí... certo?
Nessas distrações, assume-se naturalmente um estado de culpa ou determinismo, e com isso uma natural incapacidade de ação: "Eu sou assim!" - pensam - "Não há nada a fazer." E especialmente quando o resultado é pouco relevante, nem lhe damos muito crédito.. Mas e se optássemos por outra atitude? Será que podíamos ter resultados diferentes? Se nos afastarmos desse "empurra para lá" e observarmos atentamente a situação, conseguimos assumir a responsabilidade desse comportamento, atender devidamente ao processo que nos leva à dita distração, e atender à sua essência. Umas vezes é a ansiedade pelo que há-de vir, noutras a recriminação pelo que já foi. Há a excitação daquilo que poderá acontecer, e há também as simples construções mentais de cenários hipotéticos, desejos, fantasias ou busca de algo diferente do que é... porque o que é parece estar a ser demasiado enfadonho e nada estimulante. Por vezes, nota-se um acentuado desconforto da própria companhia, com sentimentos de solidão, que mais facilmente são ultrapassados com distrações da mente do que está lá dentro. Então, é quando assumimos essa responsabilidade, a de olhar a distração de frente, que recuperamos a consciência da nossa ausência do agora, de nós mesmos, e voltamos a focar a nossa atenção naquilo que pode ser o mais importante naquele instante. Porque se não for importante, mais vale mudar de direcção. As consequências das pequenas e grandes distrações são inúmeras e até difíceis de quantificar. À primeira vista podem significar uma perda de 5 minutos, um custo financeiro facilmente assimilável ou um pequeno estrago material. Noutras, podem até ter consequências fatais. Mas podem também existir perdas desconhecidas para além do imediato e observável. Uma pequena distração pode significar o desvio do percurso traçado, oportunidades perdidas mesmo a um passo de distância, a beleza de um olhar, de um sorriso ou de uma palavras calorosa. Estes são apenas pequenos exemplos do que podemos perder numa distração. E eis que, de repente surge a questão: "Mas afinal, o que é uma distração?" No dicionário encontramos significados tão diversos como:
E nestes significados, qualquer coisa pode ser uma distração. O sorriso que nos presenteiam num cruzar de olhares, uma nova oportunidade que se nos apresenta, uma palavra calorosa que nos dirigem, um pensamento que acabámos de ter. Qualquer destas coisas pode ser uma distração àquilo a que nos propomos fazer. Qualquer destas coisas nos pode desviar do caminho que inicialmente traçámos. Será uma distração boa ou má? É neste momento que voltamos à definição da palavra, e nos focamos em dois significados chave: "Falta de atenção" e "Abstração". Mas não é a falta de atenção numa coisa a colocação dessa mesma atenção noutra? Não é o processo de abstração que tantas vezes nos coloca no caminho certo? E não poderá uma distracção abrir um novo caminho para algo novo, que pode desbloquear um obstáculo aparentemente difícil de ultrapassar? É uma linha muito ténue, aquela que separa uma distração prejudicial de outra possibilitadora. Algumas das grandes descobertas terão surgido de distrações, assim como algumas catástrofes. Podemos estar a ser demasiado duros em relação à distração. Julgar os outros, assim como nós mesmos, por distrações - a tal culpa de que falámos - será pouco produtivo e pouco saudável. Até porque, quem sabe, não será essa a distração que muda a sua vida para melhor? Mas voltemos novamente à responsabilidade do processo, observar a distracção pelo que é e atender à sua ,motivação. Por vezes pode ser um sinal de cansaço (mental, emocional e/ou físico) e um descanso de recuperação será bem-vindo. Noutras poderá desvendar emoções que poderão ser facilmente geridas no seu tempo certo, ou até mesmo nesse momento, para um progresso mais fluído. Por vezes, pode ser a oportunidade de uma vida. O importante é que, ao assumirmos a responsabilidade, facilmente nos recolocamos no momento presente, no agora, podendo operar sobre o que é de acordo com a sua importância e consequência, evitando prejuízos indesejados. E nessa decisão, podemos devolver o sorriso, o olhar ou uma palavra calorosa, e operar naquilo que verdadeiramente importa naquele instante, seja na continuação do que era ou na criação de uma nova direcção. A busca exterior é somente uma forma de busca interior.
Não te apegues demasiado a esse exterior. Não te pertence, e nunca te preencherá. Observa apenas, com a curiosidade de quem descobre uma nova dinâmica sobre si mesmo, pois o que realmente conta é a imensa riqueza que já tens dentro de ti. Não é para quem pode, é para quem quer. Para quem quer de verdade. Para quem quer descobrir, desafiar-se, melhorar! Para quem quer dar a volta, dar um passo em frente, deixar-se de tretas e seguir em frente.
Poderia dizer isto em relação a muitas áreas das nossas vidas. Observo, por vezes, que as pessoas se lançam em desafios apenas para mostrarem que tentaram, que se lançaram "à fera". Mas sem a real intenção de se superarem. Lançam-se apenas como forma de mostrarem ao mundo, principalmente a si mesmas, de que não dá e que, ainda assim, se esforçam muito. É uma espécie de vaticínio auto proclamado ou self-fulfilling-profecy. E no fim exclamam algo do género: "Vês? Eu sabia que não ía dar. Já tentei de tudo, até isto! Só falta ir à bruxa." Se já estás na predisposição de que não vai resultar, descansa. Relaxa e fica aí. Não desperdices energias. Risca a tarefa da lista e pronto. Está tudo bem. Os gatos também passam a maior parte do dia a dormir e ninguém os critica por isso. Mas se queres mesmo dar uma oportunidade a... essa nova oportunidade, age. Age agora. Mas age com determinação. Age com a crença de que, esta oportunidade pode ser A Oportunidade! Faz o que tens a fazer. Dá aquilo que tens. Segue o plano. Acredita em ti. No fundo, o resultado acaba por ser irrelevante. Vais acabar por apreciar cada pedaço do percurso. E no fim sempre podes dizer: "Fiz aquilo e foi espectacular." Se resultar podes fazer a festa. Se não resultar descobriste uma nova forma de não fazer algo, e experimentas diferente. Mas isto não é para quem pode, é apenas para quem quer. Para quem quer mesmo seguir essa via, agarrar essa oportunidade. Se esta não é a tua oportunidade, procura outra. Mas se esta é a tua oportunidade, agarra-a! Em tantas áreas das nossas vidas, desde profissões a relacionamentos, observo pessoas que "experimentam" só para provarem a si mesmas que não dá, não resulta, não vale a pena. E sofrem. E mostram esse sofrimento como se de uma medalha de louvor se tratasse. Talvez seja esse o ganho - atrair a atenção dos outros pela sua infortuna. É uma espécie de desgraça desejada, só que muito inconsciente. Mas há quem obtenha essa atenção pelo lado positivo. Que atraia pela sua dinâmica, entrega, determinação. Pelo exemplo em que se tornam, independentemente dos resultados. Seja em algo de elevada actividade ou tão calmo como meditação, o que quer que seja, entrega-se à experiência e absorve o que resulta disso. E talvez descubras vários momentos absolutamente mágicos na tua vida. Boas entregas e excelentes aprendizagens! Gratidão não é simplesmente agradecer por simpatia ou educação. É um estado que nem requer palavras. Sente-se num olhar, num gesto, e até na respiração.
Gratidão vai além da posse ou do contexto. Existe pelo que é agora e pelo que foi no passado, independentemente das circunstâncias. Gratidão por existir, por existires, por estarmos aqui, agora, presentes neste momento único e irrepetível. Por vezes não o demonstramos. Por vezes nem nos permitimos a sentir a gratidão, o amor, a amizade que já temos em nós. Agora. Porque, por vezes, não aceitamos o que temos, o que vivemos. Acreditamos que não merecemos, achamos que é injusto ou pensamos que não é suposto ser assim. Centramos a nossa atenção no que não temos, no que não somos, no que achamos que nos falta, e vivemos nessa ausência de nós mesmos. da imensidão que já nos preenche por dentro. Renegamos a abundância que nos rodeia, mesmo quando o dinheiro não chega ao fim do mês, mesmo quando trabalhamos aquelas horas infindáveis, mesmo quando passamos dias e noites sós, no aniversário ou na consoada, mesmo quando não temos aquela pessoa ao nosso lado. Mesmo quando fizemos o que fizemos e não fizemos o que achamos que deveríamos ter feito. E esquecemos o tanto que já temos, agora, o amor que temos em nós. E não acedemos a essa gratidão, a esse amor, a essa incrível energia interior que tudo pode mudar sem nada ter de mudar. É quando acedemos a esse amor só porque sim, por nós, em nós, que começamos a sentir gratidão. Gratidão que, afinal, também é perdão. Perdão por nós e perdão pelos outros. Começamos a sentir que o que temos e o que somos, podendo ser melhorado, podendo ser aumentado, já é tão absolutamente fantástico que nos permite sonhar e agir na direcção do que realmente consideramos importante agora e depois. E aí, centramos a nossa atenção no que já temos, no que somos e no que nos preenche. E nessa magnífica vivência, começamos a transbordar de energia, e começamos a co-criar à nossa volta todas as coisas que, afinal, sempre lá têm estado, e estão, para nós. Afinal, tudo começa dentro em nós! Obrigado por existires! O comportamento é, por natureza, ditado por mecanismos automatizados no nosso sistema. Ou seja, por mais que tentes condicionar o teu comportamento, este deriva principalmente do teu estado actual, gerado por filtros mentais e emocionais dos mais variados tipos e origens. Esta é a razão principal de manteres comportamentos que desejas erradicar, e de boicotares comportamentos que desejas ter e... não tens, ou pelo menos não os tens em todos os momento que os desejarias ter. Quando acessas aos teus próprios processos mentais e emocionais, tantas vezes ocultos ao consciente, que dão origem a esses comportamentos (mantidos e boicotados), desbloqueias os limites da tua evolução. 2017 teve, certamente, momentos menos bons. E teve também momentos muito bons. Alguns, quem sabe, especialmente bons! Talvez possas resgatar alguns desses momentos e aprender algo com cada um deles, sobre ti, como forma de criares novas e melhores possibilidades agora e no futuro.
O mesmo acontece ao longo da nossa vida... e agora que penso nisto surge-me a curiosidade sobre quais são os 3 melhores momentos da tua vida... as maiores aprendizagens, os momentos de maior felicidade. Aqueles momentos únicos! Talvez possas pegar nesses momentos também, deixá-los fluir em ti agora, e construir com o que tens hoje, com quem estejas, só ou em companhia, com amigos, familiares ou estranhos, aquilo que verdadeiramente é importante para ti. Aquele aquele gesto, aquele olhar, aquela palavra, ou até o próprio silêncio que tanto transmite. Aquele sentimento. Algo simples e significativo. Talvez possas observar o que é realmente importante agora. Talvez te possas libertar, mesmo que por breves momentos, e deixar emergir aquilo que é de facto importante na tua vida. E com isso observares qual a tua intenção. Talvez possas, a partir desse ponto, decidir numa acção, que queres e vais fazer agora, amanhã e nos dias seguintes. Será o que será, e nessa intenção positiva, nessa imensidão de possibilidades, será certamente gratificante e significativo. Felicidade não é estar num estado permanente de alegria, e sim permitires-te sentir e experienciar as emoções tal como elas são, no seu momento certo, de forma libertadora para ti.
Talvez te possas colocar a seguinte questão em caso de dúvida: - "Como te sentes em relação ao que estás a sentir agora?" É um hábito, uma forma talvez inocente de nos referirmos a algo, talvez até sem a intenção do real significado do verbo. Contudo, aquilo que normalmente se afirma após o término de um ciclo é precisamente o oposto ao significado do verbo - perda!
Referimo-nos constantemente àquilo que cremos possuir, que é nosso, que nos pertence como se fosse um objecto, uma propriedade registada ou algo conquistado por direito. "´E meu!" E usamos e avisamos desse sentimento de posse às mais variadas situações e contextos:
As nenhuma destas coisas é, de facto, nossa. Relacionamo-nos com elas de alguma forma. De formas menos ou mais intensas. De formas menos ou mais emocionais. De formas menos ou mais apegadas. São... as nossas relações. Mas as coisas em si, as pessoas e outros seres vivos, não são nossos. Nunca foram e nunca serão. São, elas próprias, também donas de um relacionamento connosco, que pode durar pouco ou muito tempo, seja lá o que isso for. Talvez, nesta perspectiva, nunca possamos perder nada, já que não se pode perder aquilo que nunca tivemos. Talvez a relação mude. Talvez a forma como nos sentimos mude. Talvez as relações se direccionem noutros sentidos. E isso até pode ser bom... mudar, avançar, crescer e ganhar espaço para novas experiências e relacionamentos. Quando nos libertamos desse sentido de posse... posse muitas vezes inconsciente e noutras nem por isso... talvez nos sintamos mais livres de desfrutar aquilo que se desenvolve à nossa frente. Talvez o medo da ilusória futura perda desvaneça. Talvez o medo do certo e errado deixem de fazer sentido. Porque a única coisa que existe é esta relação agora, com esta pessoa, com este objecto, com esta abstração de coisa, seja um país, uma religião, um clube, uma flor. Nessa liberdade, talvez nos possamos lançar numa verdadeira exploração da beleza desse relacionamento. Desfrutar tal como é, sem medos do que possa vir a ser. E agora, neste momento de absoluta vivência do que é, guardar cada pedacinho desta espantosa panóplia de sentimentos na coleção de experiências vividas. Talvez, e esta é a proposta, seja preferível viver a relação a cada momento, em vez de nos tornarmos donos dela. Ser dono de alguma coisa dá muito trabalho, e parece ser um desperdício de energia. Mas experiênciar essa coisa é só... vivê-la ao longo da sua metamorfose, criando espaço para mais experiências com energia e vitalidade, permitindo a sua natural evolução e transformação.. E talvez possas sentir gratidão por todos os momentos experienciados... durem o tempo que durarem. As estruturas repetem-se! O comportamento de uma comunidade é análoga ao comportamento de um dos seus indivíduos, da mesma forma que o comportamento da humanidade, no seu todo, é análoga ao comportamento de um qualquer ser humano. As necessidades são as mesmas. Os comportamentos são os mesmos. As consequências são as mesmas. E cada um de nós corresponde a uma das pequenas partes de nós mesmos quando enfrentamos os mesmos dilemas, as mesmas tentações, as mesmas dúvidas, as mesmas aspirações. E há um ponto de viragem, um ponto de não retorno a cada decisão tomada. E esse ponto é encontrado de acordo com o número de partes que a tomam, e assim influenciam todas as restantes partes numa dada direcção nesta complexa rede de influências.. Só se está verdadeiramente só na ausência de conexão interior.
Por vezes observo nas pessoas uma dedicação quase obsessiva no ter de fazer. "Tenho de fazer isto", "tenho de fazer aquilo", "tenho de conseguir"... e quando questionadas sobre o motivo que as leva a "ter de" fazer, os olhares são normalmente de quase indignação, como se quem pergunta pelo motivo não perceba a realidade da vida. E respondem algo como "Então... não tem de ser assim?", sem qualquer motivação associada. Tem de ser, e pronto. É suposto. Faz parte.
Talvez lutemos demais pelas coisas que achamos que temos de fazer, que temos de ter, que temos de conseguir ou até ser... quando na verdade poderíamos simplesmente querer. É que, quando descobrimos o que realmente queremos, a luta transforma-se em fluidez, e o sentido de obrigação num sentimento de naturalidade e vontade própria. Uma da questões com que me tenho deparado ultimamente é a necessidade de mudança por parte de algumas pessoas. E quando a mudança se dá por necessidade, eu desconfio. A mudança parece trazer, para os casos com que me deparei, um novo começo. Até aqui, tudo bem. Mudar é bom, e faz parte da nossa realidade. Já Heráclito de Éfeso afirmava "A única constante é a mudança". Mas há uma questão a observar... ...o que verdadeiramente te motiva a fazer essa mudança em concreto? E refiro-me à grande mudança ta tua vida. Aquela com que pretendes mudar tudo do avesso e "recomeçar do zero". O que tenho observado é que existem essencialmente dois motivos - a fuga de algo ou a busca de algo. Antes de mais, quero deixar claro uma coisa: qualquer dos motivos me parece bem, desde que tenhas a consciência do que te move. É quando não tens essa consciência que podes estar a criar um potencial transtorno no teu caminho. Ora vejamos... o que tenho observado com alguma regularidade é a fuga da dor. Parece-me lógico mudar por este motivo. Ou seja, se estou sentado num banco que tem um prego espetado para cima, continuar sentado com ele fortemente espetado no traseiro só parece ser sinal de auto-punição ou masoquismo. É certo que podem existir outros motivos. Por exemplo, a dor de lidar com o desconhecido (a mudança para algo novo) pode ser superior à dor causada pelo prego, mas vamos manter as coisas simples. A um certo nível, a pessoa tem a noção de que está a fugir de algo em concreto, e que esse algo lhe é desconfortável ou indesejável. Mas pode não estar inteiramente consciente da essência dessa fuga. Diz que foge porque não se sente reconhecida (as pessoas não a entendem ou não reconhecem o seu valor), porque as condições financeiras são péssimas (pagam mal, o país está em crise, lá fora pagam melhor, existem condições mais favoráveis lá fora), e o rol de razões pode-se estender por aí fora. Mais uma vez, está tudo bem. Diria até que, se consideras que te vais sentir melhor noutro lugar ou a fazer outra coisa ou em estares com pessoas diferentes... força! Dá-lhe gás! Vai! Segue aquilo em que acreditas. A questão é a seguinte: estás a lidar com a essência do que te move? Mudares para fugir de algo sem teres a sua essência em conta pode simplesmente significar que levas o problema contigo, para onde quer que vás. Nos primeiros tempos vai ser tudo bonito. É aquele estado de graça inicial em que nos deslumbramos com tudo. Mas findo esse período, voltamos ao mesmo. Os mesmos problemas vão surgir, e vais lidar novamente com as mesmas questões. Nalguns casos, essa mudança pode ser suficiente para lidares com essas mesmas questões de uma perspectiva diferente, e isso pode ser positivo e ajudar-te a solucionar as tuas cenas de uma forma mais objectiva.. Ou seja, não é obrigatório resolveres as tuas cenas antes de mudares para que a mudança ocorra de forma limpa e fluída. E, se no sitio onde estás, sentes que não consegues mesmo resolver as tuas cenas, muda! O que te recomendo a considerar é que, muito provavelmente, as cenas que não resolveres vão contigo, para onde quer que vás, em que situação fores, e que aqui ou lá vais mesmo lidar com elas de alguma forma. Estas questão são normalmente como a nossa própria sombra. Por mais que andemos ou corramos, a sombra está sempre lá ao nosso lado. E o outro motivo? Ah... sim! A busca de algo... A busca parece, à partida, a forma mais fluída de se mudar. Ou seja, não se está a mudar para se fugir a um problema percepcionado, mas sim na busca de algo que se projecta ser diferente ou melhor, e que se prevê nos seja benéfico ou prazeroso. Aqui o cuidado é outro. Não estamos propriamente a levar uma questão mal resolvida connosco, mas podemos estar a descurar algo que já temos, sem estamos a dar conta disso. Por outras palavras, algumas pessoas passam a vida na busca daquilo que já têm e não sabem que o têm, simplesmente porque não observam atentamente o seu contexto ou a sua realidade devidamente. E então nestes casos, é errado mudar? De todo! Tal como no caso anterior, se aqui não estás a conseguir perceber o bem que já tens, talvez a mudança te ajude a ganhar consciência disso mesmo. Por vezes, a perda leva-nos a valorizar o que temos. A estrutura é semelhante. Ou seja, observa atentamente aquilo que te move. Muitas vezes, aquilo que julgas que te move é apenas uma máscara, um disfarce do que verdadeiramente se encontra escondido. E ao conseguires acesso a esse motivo, o que, nalguns casos, pode exigir de ti uma enorme capacidade de frontalidade de ti para ti, estarás em melhor posição para decidires se essa mudança é, ou não, a mudança que queres realmente fazer na tua vida.
Que mudes pelos teus melhores motivos. E que em toda e qualquer mudança, seja ela por que motivo for, consigas encontrar pelo menos uma experiência e uma aprendizagem que tornem o teu caminho mais rico e a tua vida colorida. Sentes, por vezes, que as outras pessoas se fecham à tua comunicação? Talvez num processo de venda ou de liderança... Numa certa investigação, os cientistas pretendiam averiguar até que ponto um cão conseguia efectivamente fazer contas matemáticas simples, como somar 3 e 2 ou subtrair 4 de 8. O que acontecia era que o dito cão ladrava o número de vezes correspondentes à resposta certa, sem que ninguém percebesse como, concretamente, o cão apurava a resposta. Seria um cão cognitivamente desenvolvido? A investigação apurou que a dona do cão emitia, inconscientemente, sinais muito subtis, que o cão identificava como indicação para ladrar. Os sinais eram tão ténues que nem ela nem ninguém da investigação tinha conseguido identifica-los, até reverem várias vezes e em câmara lenta as gravações dos testes. Moral da história: nós comunicamos de formas muito subtis, a partir do nosso inconsciente, aquilo que estamos a sentir.
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