É um hábito, uma forma talvez inocente de nos referirmos a algo, talvez até sem a intenção do real significado do verbo. Contudo, aquilo que normalmente se afirma após o término de um ciclo é precisamente o oposto ao significado do verbo - perda!
Referimo-nos constantemente àquilo que cremos possuir, que é nosso, que nos pertence como se fosse um objecto, uma propriedade registada ou algo conquistado por direito. "´E meu!" E usamos e avisamos desse sentimento de posse às mais variadas situações e contextos:
As nenhuma destas coisas é, de facto, nossa. Relacionamo-nos com elas de alguma forma. De formas menos ou mais intensas. De formas menos ou mais emocionais. De formas menos ou mais apegadas. São... as nossas relações. Mas as coisas em si, as pessoas e outros seres vivos, não são nossos. Nunca foram e nunca serão. São, elas próprias, também donas de um relacionamento connosco, que pode durar pouco ou muito tempo, seja lá o que isso for. Talvez, nesta perspectiva, nunca possamos perder nada, já que não se pode perder aquilo que nunca tivemos. Talvez a relação mude. Talvez a forma como nos sentimos mude. Talvez as relações se direccionem noutros sentidos. E isso até pode ser bom... mudar, avançar, crescer e ganhar espaço para novas experiências e relacionamentos. Quando nos libertamos desse sentido de posse... posse muitas vezes inconsciente e noutras nem por isso... talvez nos sintamos mais livres de desfrutar aquilo que se desenvolve à nossa frente. Talvez o medo da ilusória futura perda desvaneça. Talvez o medo do certo e errado deixem de fazer sentido. Porque a única coisa que existe é esta relação agora, com esta pessoa, com este objecto, com esta abstração de coisa, seja um país, uma religião, um clube, uma flor. Nessa liberdade, talvez nos possamos lançar numa verdadeira exploração da beleza desse relacionamento. Desfrutar tal como é, sem medos do que possa vir a ser. E agora, neste momento de absoluta vivência do que é, guardar cada pedacinho desta espantosa panóplia de sentimentos na coleção de experiências vividas. Talvez, e esta é a proposta, seja preferível viver a relação a cada momento, em vez de nos tornarmos donos dela. Ser dono de alguma coisa dá muito trabalho, e parece ser um desperdício de energia. Mas experiênciar essa coisa é só... vivê-la ao longo da sua metamorfose, criando espaço para mais experiências com energia e vitalidade, permitindo a sua natural evolução e transformação.. E talvez possas sentir gratidão por todos os momentos experienciados... durem o tempo que durarem. O sentido de justiça percepciona-se como sendo universal, mas na verdade tem um significado único e pessoal, inerente à visão, valores, crenças e sentimentos de cada um, e por vezes a cada momento.
Aquilo que muitos exigem - justiça - é, na essência, utópico, pois não há como criar um sentido universal de justiça perante um acto irreversível. A menos que esse sentimento de justiça se dissocie da comum busca de compensação do dito acto. Ao juntarmos as primeiras peças de um puzzle, ficamos com uma ideia da visão global da cena.
E depois surge aquela peça que muda toda a visão! Por vezes observo nas pessoas uma dedicação quase obsessiva no ter de fazer. "Tenho de fazer isto", "tenho de fazer aquilo", "tenho de conseguir"... e quando questionadas sobre o motivo que as leva a "ter de" fazer, os olhares são normalmente de quase indignação, como se quem pergunta pelo motivo não perceba a realidade da vida. E respondem algo como "Então... não tem de ser assim?", sem qualquer motivação associada. Tem de ser, e pronto. É suposto. Faz parte.
Talvez lutemos demais pelas coisas que achamos que temos de fazer, que temos de ter, que temos de conseguir ou até ser... quando na verdade poderíamos simplesmente querer. É que, quando descobrimos o que realmente queremos, a luta transforma-se em fluidez, e o sentido de obrigação num sentimento de naturalidade e vontade própria. Por vezes ocorre aquele acontecimento fantástico... e não pensas noutra coisa. Agarras-te a esse acontecimento como se nenhum semelhante voltasse. Ganhas medo da sua ausência. Passas a temer a tua solidão. A magia perde-se. Então, ficas com saudades daquele momento fugaz. Crias a tua própria prisão na ilusão de que, se te agarrares bem àquele momento, ficas bem, em segurança, feliz, talvez até com uma certa sensação de sucesso. Mas é uma ilusão, e sabes muito bem disso. Ainda assim, agarras-te com todas as forças, até que crias a convicção de que aquele acontecimento és tu, que te define como pessoa, como ser único e individual. Continua a ser uma ilusão, mas agora com estrutura, pilares sólidos, tecto e chão de pedra. Manténs essa estrutura a muito custo. Por vezes sentes a pedra a ruis, observas as rachas a ganhar espaço, a cortar paredes e a abrir o tecto. O chão parece desfazer-se debaixo dos teus pés. E sabes, nesse momento, que tens duas opções... ou fortificas a estrutura, ou livras-te dela. Percebes que fortificar implica investir mais energia, esforço e dedicação para algo que, no fundo, sentes não ser real. Libertares-te da estrutura significa o desconhecido, sem paredes, sem tecto, sem estrutura, mas uma liberdade imensa. Ficas na dúvida. Não sabes o que fazer. Situas-te entre a ilusão da segurança ou a liberdade do desconhecido. O que será mais importante para ti... a ilusão da ordem ou o sentido da liberdade? Não sabes, mas sabes. E sabes muito bem. E a demonstração disso é que continuas na dúvida. É natural. Relaxa. Se não tivesses dúvidas, estava resolvido. Mas a dúvida existe, e se existe é porque a possibilidade do outro lado te faz sentido. Ressoa em ti. Sabes que, na tua essência, não há ordem, não há uma estrutura rígida que te define. Sabes que, na tua essência, tu és...
Uma das grandes vantagens do Coaching é aprendermos a observar o que está à nossa volta. Observar não é interpretar nem julgar. Trata-se de observar o que está a acontecer de facto, da forma mais clara e limpa que se consiga. Tanto a interpretação como o julgamento do que está a acontecer são subconjuntos da observação. Sendo importantes, e até úteis em determinadas fases do processo de descoberta e desenvolvimento, podem estar a limitar novas possibilidades e soluções ao teu progresso. Interpretar, assim como julgar, já filtraram a maior parte da informação observada, apagando e distorcendo através de diversos filtros. Adicionalmente, quando interpretas e julgas, estás a aceder a um conjunto de experiências passadas em detrimento do que efectivamente está a acontecer no momento presente. Então, pode-se concluir que a interpretação e julgamento assentam no passado, enquanto que a observação assenta no presente. Frequentemente, andamos tão focados num resultado específico, numa história passada ou num futuro idealizado, que nem reparamos no que está a acontecer. Não notamos as coisas fantásticas que nos rodeiam. Não damos conta das oportunidades que nos batem à porta, Não reparamos naquelas pequenas grandes coisas que tantas vezes ignoramos, ou que damos por adquiridas. Por vezes, pode ser útil que alguém de fora nos mostre outras perspectivas, que nos leve a observar o que inconscientemente apagámos e distorcemos na construção das interpretações e julgamentos. Pode ser qualquer pessoa... uma conversa com alguém conhecido ou desconhecido, uma pergunta inusitada ou até uma história que ouvimos.. É que, por vezes... até já temos aquilo que tanto procuramos, e só não estamos a dar conta disso. Será que estás a observar com atenção o que está à tua volta? Retirado do filme "Moneyball", de 2011
Realizador: Bennett Miller Autores: Steven Zaillian, Aaron Sorkin Actores: Brad Pitt, Robin Wright, Jonah Hill Há muitas pessoas "lá fora" que vão criticar o teu trabalho, afirmar que não és suficiente, que o que quer que faças não serve, não chega ou que é imperfeito. Há sempre alguém "lá fora" que vai afirmar algo negativo, ou simplesmente menos positivo, a teu respeito. Não sejas uma dessas pessoas! "Lá fora"... também há quem acredite em ti. "Lá fora" também há que acredite que és suficiente, que fazes um excelente trabalho e que, o que quer que faças, é perfeito. "Lá fora", também existem pessoas a olhar-te com admiração e respeito pelo que fazes, pelo que vives, pelo que sentes e pelo que acreditas em ti. Sê uma dessas pessoas! Acredita em ti... porque "lá dentro" é o primeiro passo para fazeres melhor e aproveitares melhor cada etapa do teu percurso. E nesse percurso, tornares-te, a cada momento, a pessoa que queres ser. Porque já és agora! É dentro de ti que começa a aventura! O primeiro passo... é teu! Em tempos, aprendi que, se soubermos o que levar (proteger) de casa se esta rapidamente começar a arder, conseguimos definir o bem essencial para o nosso bem estar emocional.
Neste seguimento, pergunto-te... se tivesses que escolher uma e apenas uma coisa da tua vida, seja o que for (memória, momento, pessoa, relacionamento, bem, experiência, emoção, etc...) ....o que seria? O que quer que seja é, certamente, uma boa pista para criares o teu futuro a partir deste mesmo instante! Cria o teu caminho a partir de ti! O que quer que sintas agora, resulta da interpretação e julgamento que fazes, com base num conjunto muito limitado de informação, de uma perspectiva e outro conjunto de interpretações e julgamentos passados. Não parece fidedigno, pois não? Isso não invalida o que está a acontecer... apenas define a forma como te relacionas com isso. Imagina que, em vez de interpretares e julgares, simplesmente observas. Imagina ainda que, em vez dessa perspectiva, te colocas noutra, e depois noutra e noutra ainda, como quem admira um monumento de vários pontos diferentes. Imagina que deixas de lado todas as experiências passadas que te estejam a condicionar a tua observação. Será que acedes aos mesmos sentimentos? Será que acedes a novos estados emocionais, a novos recursos internos, a novas formas de te relacionares com o que está a acontecer? Então, talvez possas tirar partido disso mesmo, para teu benefício. Talvez possas agora concluir que o que está a acontecer não é assim tão relevante, ou sendo, que podes agir com eficácia e determinação na concretização do que consideras ser importante para ti. Talvez, desta nova perspectiva, encontres aquilo que tanto procuravas sem encontrar.
Liberta-te desse "ser" e passa a estar... a estar como acreditas e sentes que deves estar a cada momento, em cada contexto, de acordo com os teus valores e intenções mais fortes. E tal como podes estar agora uma coisa, podes estar outra no momento seguinte, tal como estás agora diferente daquilo que estiveste antes
Já há algum tempo que não escrevo aqui...
Ausência de ideias? Não... ideias há muitas, e experiências também! Então, o que aconteceu? Pareceu-me bem, nesta fase, deixar as partilhas de lado por algum tempo. Foi interessante este desligar temporário, e voltar agora com outros olhos :) Aceito que, com esta ausência temporária, possa ter alienado alguns leitores. Talvez pensem que desisti ou que perdi o interesse. Muito pelo contrário... estou cada vez mais interessado no desenvolvimento humano e nesta experiência alucinante a que chamamos de vida. Aliás, tão alucinante que arriscaria a dizer que tudo, mesmo tudo! ...os nossos conceitos, percepções, regras e normas e códigos de conduta, a nossa existência, é uma alucinação brutal e absolutamente fantástica. Incluíndo, obviamente, a afirmação que acabei de fazer! Mas é nesta construção alucinada, e digo-o com intenso entusiasmo, que a nossa vida se desenvolve. E é nessa alucinação fantástica que criamos os nossos dramas, as nossas alegrias, as nossas verdades pessoais e únicas. É nesta alucinação incrível que criamos a nossa felicidade, a cada momento! Falando de alucinações... neste inicio de um novo ano, há um conjunto vasto de pessoas com resoluções de ano novo. É costume, pelo que observo ano após ano. Também observo que muitas dessas resoluções são, tantas vezes, as mesmas do ano anterior. E observo também que muitas pessoas "esquecem" essas mesmas resoluções por volta de... Fevereiro, o mais tardar. Porque será? Se for o ser caso, traquilize-se... não está só nesse barco encalhado. Se não for o seu caro, PARABÉNS! Mas se for, calma... está tudo bem! Talvez não sejam as resoluções certas. Talvez sejam apenas desejos. Ou talvez falte alguma coisa, algo simples, para que tudo magicamente se comece a construir. Todo o barco pode encalhar momentaneamente nalgum momento. Toda a travessia se desvia da sua rota periodicamente, para logo a seguir se alinhar com o destino traçado. Em mar alto, é comum passar-se por tempestades e acalmia. Umas sucedem-se às outras, e todas elas contribuem para o nosso crescimento e evolução. E por vezes tudo o que falta é um recurso, um empurrão, uma orientação... algo que os indique o Norte na nossa bússula para que possamos traçar um percurso. Vamos a isso? Quais são as tuas resoluções? Então... nesta alucinação fantástica tornada realidade, podemos começar a operar em pressupostos, a criar orientaçoes e a concretizar planos. E se alucinares à bruta... assim... descaradamente! ...talvez vislubres multiplas formas de não concretizares as tuas resoluçoes, ou de viveres agora, a cada momento, aquilo que verdadeiramente é importante para ti. Resoluções? São agora! E talvez mais importante que perguntar o que aconteceu, é perguntar o que queres que aconteça. Imagina tudo o que podes fazer neste momento... Já jogaste snooker ou bilhar? Talvez golfe? Ou tiro ao alvo? É interessante como por vezes ficamos presos num falhanço aparentemente abismal, que pode ir de vários centímetros a alguns metros, achando que devemos estar a fazer algo profundamente errado. A realidade é muito diferente... a margem de erro é, normalmente, de apenas 1 milímetro. Sim... apenas 1 milímetro. O que acontece é que esse milímetro, no inicio da deslocação, pode representar um desvio considerável dependendo da distância a que se encontra o alvo... o teu objectivo! Isto indica-nos que, na verdade, não estamos assim tão errados. Apenas criámos um ligeiro desvio... de 1 milímetro. E diz-nos também que, para que cheguemos ao nosso objectivo, basta-nos fazer pequenos ajustes, muito ligeiros, aproveitar o que estamos a fazer bem e corrigir apenas um movimento, e passo a passo, conseguirmos chegar onde queremos chegar. Portanto, da próxima vez que sentires que estás completamente fora do jogo... seja em golfe, bilhar ou no projecto mais importante da tua vida, observa bem os teus movimentos, porque podes precisar de apenas 1 milímetro de ajuste. Algumas pessoas engendram estratégias e planos altamente complexos para atingir a felicidade. Sacrificam muito do seu tempo para a concretizar. E depois ha um olhar, uma palavra, um pôr-do-sol, um suspiro, uma iguaria, um banho no rio, a sensação da relva debaixo dos pés, e tantas outras coisas simples... e a felicidade acontece!
Talvez as coisas mais simples sejam aquelas que te trazem um elevado sentimento de felicidade. E podes relaxar e deixar fluir agora... Uma amiga do coração passou-me esta frase há quase 20 anos, recebida do seu pai muitos anos antes num período conturbado do seu relacionamento. É uma frase interessante, e que contem em si um dos mistérios da nossa existência. Ao ler um livro recentemente editado deparei-me novamente com esta questão. Nesse livro, a autora descreve uma experiência pessoal que culmina no seguinte ponto:
Nesta nossa busca de algo, investimos vários recursos, uns mais e outros menos, consoante a disponibilidade, determinação e motivação interiores, Pessoalmente, considero esse investimento bem aplicado. É uma fonte riquíssima de descobertas e aprendizagens.
O que observo muitas vezes é essa aplicação no exterior a nós mesmos, invés de em nós mesmos. Procura-se "o algo" nos outros. Procura-se "o algo" nas coisas. Procura-se "o algo" nas actividades externas. Procura-se "o algo" em toda e qualquer parte excepto onde ela pode efectivamente ser encotrada - no nosso ser. E muitas vezes procura-se "o algo" no futuro... e nesse futuro, seremos felizes, completos, atingiremos o nirvana. Porquê? Por vários motivos e que provavelmente agora pouca importância têm para este artigo. Prefiro, em vez disso, debruçar-me sobre como podemos fazer diferente. Claro que parto do pressuposto de que toda essa busca no exterior resulta num vazio... mas é-o apenas face ao algo que se procura. São experiências recheadas de aprendizagens e que nos podem conduzir a feitos mafníficos. Naquilo que é o mais importante, é um tiro ao lado. Em primeiro lugar, é capaz de ser boa ideia sabermos... não o que procuramos, e sim o que queremos encontrar! Ah... esta é uma questão pertinente, e aparentemente coberta de um preciosismo pouco interessante. Mas atenta bem aos termos aqui utilizados... "procurar" versus "encontrar". Deixemos essa conversa para outra altura... enquanto te focas naquilo que é mesmo relevante para ti neste artigo. Adiante... voltemos ao algo! Sabemos que queremos algo porque sentimos falta de algo, e de algo em concreto (amor, aceitação, suficiência, etc.). Só não percebemos bem o que isto significa na prática. Então, procuramos... e nessa procura, perdemo-nos... eternamente à procura. E persistimos... passamos de relacionamnto em relacionamento porque ninguém preenche esse vazio, de trabalho em trabalho porque nunca nos satisfaz, de conquista em conquista porque a última não foi suficiente, e por isso aumentamos a fasquia dizendo que "desta vez é que é, e quando lá chegar vou finalmente ser feliz"... mas nunca se chega lá... nunca preenche. Por vezes, apenas por vezes, sentimos uma espécie de preenchimento. Depois verificamos que é apenas uma lilusão, que tudo não passou de uma massagem ao ego e de um conforto momentaneo. E quando esse exterior desaparece, sentimo-nos sós, isolados num vasto campo vazio numa noite de lua nova Então... sejamos práticos e objectivos! O que é que queremos? Sim... queremos amor, aceitação, ser suficientes, o que quer que seja. Mas em que é que isso se traduz? Num carro novo? Numa promoção profissional? Numa relação com a pessoa X ou Y? Num prémio milionário? Num reconhecimento público? Em 100 mil Likes no facebook? O que é que tem de acontecer, especificamente, para se viver o que se quer viver? Todas essas coisas já estão em ti! E no momento em que as reconheceres e viveres em ti, passarás a ver e a sentir essas mesmas coisas fora de ti. Ou seja...
Toma atenção a algo muito importante: aceitares-te como estás, sentir a suficiência que já és, amares-te assim mesmo, plena e incondicionalmente, é muito diferente de estagnação. Pelo contrário, é nutrires a tua pessoa, o sentimento de ti, para que possas seguir em frente com sentido, com propósito, com dignidade, e continuares a evoluir ao longo de todos os caminhos que escolhas trilhar a cada momento. Começa por ti... em ti! A felicidade vive-se hoje, agora... neste preciso momento. "Não existe caminho para a felicidade... A felicidade é o caminho." ~ Mahatma Ghandi - "Estas conversas... as memórias daqueles momentos... por vezes não sei se ajudam ou se pioram... não seria bom, às vezes, esquecer tudo?"
- "Esta dor é tudo o que me resta daquele amor... esquecer seria arrancar de mim uma parte que me faz ser eu... e deixar de reviver todas aquelas partilhas fantásticas que tivemos juntos." - "Sabes... eu eu pudesse ficar aqui contigo, eu ficava..."
- "E se eu não quiser ficar aqui? Por vezes parece que o mundo lá fora chama por mim... que me sussurra que há algo mais para ver e viver... talvez pudéssemos ir juntos, explorar, descobrir, viajar até um lugar onde nos sentíssemos realmente bem..." - "Bem... há um lugar que me falaram e... é um lugar onde as montanhas desaparecem debaixo do mar, os vales são verdes e férteis, e a água é tão pura que consegue lavar qualquer passado... e podes começar tudo de novo..." - "Gostava de ir lá comigo." - "Um dia levo-te lá..." - "Um dia!" - "ahãamm" - "Um dia?!?" - "Algum problema?" - "Disseste um dia...." - "Sim... um dia..." - "...não amanhã, nem para a semana nem no mês que vem... apenas um dia... um dia parece algo que as pessoas dizem quando na verdade querem apenas dizer 'nunca'."" - "Mas..." - "Vamos... não um dia, mas ... vamos agora!" “Um objectivo nem sempre serve para ser atingido, muitas vezes serve apenas como algo para onde apontar” ~ Bruce Lee A satisfação de um objectivo não é propriamente a concretização do mesmo. Há quem afirme que o objectivo não é o fim em si mesmo mas sim todo o caminho até lá. Mas esta afirmação acaba, também, por ser redutora do verdadeiro sentido de um objectivo. Então como ficamos? É ou não importante atingir um objectivo? E se não, porque o definimos? Objectivos: Sim ou Não? Observemos então estas duas perspectivas isoladamente. Atingir o objectivo é o mais importante! Esta afirmação é muito recorrente, e tende a sobrevalorizar a meta final. Curiosamente, uma vez chegados ao fim de um longo percurso na direcção do objectivo, dá-se um período de celebração que pode durar apenas alguns momentos para depois se voltar aos estados anteriores de normalidade. Isto, claro, pressupondo que a concretização do objectivo não culmine num também comum: “Aaah… era só isto?!?” Atingir o objectivo pode ser também uma excelente fonte de emoções fortes e positivas. Ainda assim, duram apenas alguns momentos, e se todo o percurso até esses momentos não compensar, o sabor final é bem capaz de ser algo muito frustrante. Adicionalmente, por vezes colocamos tanta expectativa num objectivo que, no momento em que este é alcançado, a frustração instala-se. Nada parece ser como imaginado, não tem a mesma magnitude, a mesma força, o mesmo sabor, e há tantos pontos negros que antes eram desconhecidos. Sim, a "realidade" é muito diferente da "imaginação". Não existem pessoas a atingir objectivos, pessoais ou profissionais, e nem por isso são mais felizes? O Objectivo é o Caminho? Esta é uma afirmação também muito comum, com o intuito de desviar parte da atenção do objectivo para o que está a acontecer a cada momento. Esta afirmação pretende fazer com que a pessoa se foque no presente, e que o objectivo final até nem é assim tão importante. O importante é que o caminho até ao objectivo seja prazeroso e tenha valor no agora! O resto é secundário. Se não estás a gostar do que estás a fazer, então o objectivo final talvez deva ser redefinido. Neste caso, vivemos o presente descurando os objectivos? Atingir um objectivo implica tantas vezes tarefas que não gostamos. Por outro lado, porquê definir objectivos? Se o caminho é que importa, então qualquer caminho serve! Não existem pessoas sem objectivos, pessoais ou profissionais, e nem por isso são mais felizes? Objectivos: Servem para Alguma Coisa? Sim! Definitivamente, sim! Sem objectivos, sem uma orientação, seja esta a um nível abstrato como uma forte intenção que guie as nossas escolhas, seja a um nível mais específico que nos leve a desenhar planos concretos, não vamos a lado nenhum. Tal como a afirmação atribuída a Bruce Lee, os objectivos são uma forma de definirmos alvos, direcções para onde nos dirigirmos de acordo com o que fizer mais sentido para cada um de nós. A questão não está no objectivo ou no caminho, e sim em algo mais importante que isso - Crescimento! A ideia por trás de uma intenção transformada em um ou mais objectivos é que a sua concretização, o percurso que fazemos até lá, implique um crescimento pessoal e/ou profissional que vá ao encontro daquilo que acreditamos ser importante nas nossas vidas. Essa necessidade de crescimento desafia-nos a ir mais longe, a aprender e a crescer a cada momento, a olhar para trás e observar que hoje sabemos mais, temos mais experiência, mais calo, capacidades, competências, do que tínhamos ontem. E é essa sensação de crescimento, de evolução na direcção daquilo que verdadeiramente queremos, seja em que área for nas nossas vidas, que nos leva a definir objectivos. Um objectivo por si só tem pouco ou nenhum valor. Um objectivo alinhado com a essência de cada um, os seus valores, as suas intenções, tem um valor incalculável. Aprendermos a usar essa fonte de motivação interior para crescermos e atingirmos o que quer que seja que tenha um elevado significado, é inspirador. Não é o objectivo nem o caminho, é quem nos tornamos ao longo do caminho na direcção daquilo que acreditamos ser importante concretizar num futuro mais ou menos próximo. Que os teus objectivos, pessoais ou profissionais, atingidos ou não, te conduzam a um ser maior que aquele que és hoje. E de repente, assim do nada, recordo-me daquele momento em que me limitei a observar a acção do corpo, resultado de uma perfeita sincronização de todas as células, átomos, partículas, numa intenção comum.
E naquele momento, aquela sincronização sem falhas, dúvidas ou sequer alguma ponta de hesitação, revelou a mestria da sua natureza, da qual a consciência é apenas uma ténue e tímida sombra. E a consciência, observando a perfeição suprema daquele ser, revolta-se, reclamando a si, através de elaboradas ilusões e alucinações, os louros da criação vitoriosa. Julho de 2014 |
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