Sentes, por vezes, que as outras pessoas se fecham à tua comunicação? Talvez num processo de venda ou de liderança... Numa certa investigação, os cientistas pretendiam averiguar até que ponto um cão conseguia efectivamente fazer contas matemáticas simples, como somar 3 e 2 ou subtrair 4 de 8. O que acontecia era que o dito cão ladrava o número de vezes correspondentes à resposta certa, sem que ninguém percebesse como, concretamente, o cão apurava a resposta. Seria um cão cognitivamente desenvolvido? A investigação apurou que a dona do cão emitia, inconscientemente, sinais muito subtis, que o cão identificava como indicação para ladrar. Os sinais eram tão ténues que nem ela nem ninguém da investigação tinha conseguido identifica-los, até reverem várias vezes e em câmara lenta as gravações dos testes. Moral da história: nós comunicamos de formas muito subtis, a partir do nosso inconsciente, aquilo que estamos a sentir.
Comunicar com sucesso é como encaixar peças de um puzzle. Ou encontras a peça certa para encaixar na outra pessoa, ou é como falares para uma parede.
É certo que falar para uma parede também tem os seus méritos... ...mas será essa a intenção quando diriges a tua comunicação a alguém?
É na partilha interessada, com abertura à descoberta da percepção do outro, da sua estrutura, que enriquecemos a nossa própria forma de percepcionar o mundo, expandindo a nossa própria capacidade de compreensão e acção.
Pouco importa se chegamos a um consenso, pois todas as percepções são válidas por definição... importa que acrescentámos à nossa capacidade de observação novas formas de interpretar o mundo, de o percepcionar, que nos eleva a um novo patamar de desempenho. E quando voltares a afirmar algo sobre "o mundo", lembra-te que continuarás a falar do teu mundo, agora mais rico e expandido. O mundo do outro pode continuar a ser diferente, eventualmente até oposto ao teu. E está tudo bem. As histórias que contas servem-te de que forma? Por norma, contamos histórias. É uma das formas mais interessantes e cativantes para passar conhecimento, estimular a motivação nalguma direcção, simplesmente entreter ou criar uma forte ligação com alguém. As histórias envolvem, geram emoções, por vezes fortes, e transportam-nos numa viagem mais além. As histórias são... apenas histórias. São um meio de se conseguir algo. Não o fim em si. E são um excelente meio para se concretizarem objetivos. As histórias que usas para os teus objectivos podem ser... como dizer? Poderosas! Vou ainda mais longe... se o sistema de educação recorresse mais a esta espectacular ferramenta teríamos, certamente, alunos mais empenhados e com níveis mais elevados de aprendizagem. Não são necessários testes nem experiências adicionais... basta lembrarmo-nos dos docentes que mais nos inspiraram e nos ensinaram ao longo da nossa história pessoal para vermos que, muito do que faziam, era contar histórias adaptadas às temáticas que tinham para nos ensinar. Adiante... histórias? Sim, histórias! Ou não fossemos tão ávidos a consumir livros de romances, peças de teatro, filmes e séries de TV. Aliás, os melhores documentários contam... isso mesmo - histórias! E são tão educativos, não são? As histórias descrevem as nossas tradições, fortalecem a nossa cultura, passam ensinamentos fundamentais. As histórias são o nosso meio de comunicação por excelência. Repara como comunicas e como comunicam contigo - histórias! E assim, as histórias regem a nossa estrutura de pensamento, influenciam as nossas emoções e geram comportamentos. Sim, não estou a exagerar. É através das histórias que criamos a nossa realidade, cena após cena. É através das histórias que palmilhamos cada pedaço do nosso caminho. Mas então... se as histórias têm um poder assim tão grande, não será útil termos atenção às histórias que contamos? Pois é isso mesmo! Voltamos assim ao inicio deste texto... As histórias que contas servem-te de que forma? As histórias não são a realidade, são interpretações da realidade. É uma ferramenta fantástica para perceber e passar algo. Mas cuidado com o que passas. Esse algo pode ser benéfico - como por exemplo ajudar-te a ter consciência de algo - ou prejudicial - enterrar-te num poço fundo e escuro. As histórias que contas, e aqui pretendo incidir-me principalmente nas histórias que contas de ti para ti, definem a forma como te vais sentir e aquilo que vais fazer a seguir, E a forma como contas a tua história, pequena ou grande, simples ou complexa, faz toda a diferença. Por exemplo... História #1: "Hoje foi um dia particularmente mau! Comecei logo o dia com graves problemas para resolver, e então tomei a decisão de fazer aquela tarefa porque estava em stress e depois correu tudo mal. Foi desastroso. Para acabar bem o dia, ainda tive de ouvir o chefe, e reparei que vários colegas troçaram de mim. E tudo aquilo aconteceu porque sou mesmo incompetente. Como é possível ter feito aquilo que fiz? Já devia saber melhor. Que tristeza. Fico sempre em stress quando tenho problemas graves e depois só faço asneiras. E sinto-me mal por isso." História #2: "Hoje foi um dia particularmente desafiante. Comecei logo o dia com enormes desafios para me superar, e então tomei a decisão de fazer aquela tarefa e estava mesmo confiante de que iria resultar. E afinal não foi a melhor decisão. Foi uma aprendizagem brutal. Para acabar bem o dia, ainda estive a partilhar a experiência com o chefe, de quem absorvi algumas orientações bastante úteis para o dia de amanhã, e reparei que vários colegas sentiram curiosidade sobre o processo.. Acho que posso mesmo contribuir para que eles também aprendam com a minha experiência e aprendizagens. É uma equipa muito fixe! Apesar da situação não ter ficado resolvida, sei agora como não fazer na próxima vez, e estou mesmo curioso em descobrir outras formas de lidar com aqueles desafios. Como será que amanhã vou superar aqueles desafios?" Repara que as histórias são apenas uma interpretação do que aconteceu. A sério! Duas pessoas perante o mesmo evento podem contar, literalmente, histórias opostas. Aquilo em que colocamos o nosso foco é determinante. Os filtros que utilizamos a cada momento para interpretarmos os contextos - foco, crenças, experiências passadas, expectativas, estados emocionais, etc. - são essenciais na construção do que contas a ti e aos outros. E isso, por sua vez, alimenta a tua história seguinte.
A minha experiência de mais de 2 décadas de trabalho, e quase 5 décadas de vida, indicam-me com segurança que, no caso da história #1, o dia seguinte será algo cinzento e pouco produtivo, e estou a ser optimista em relação a esta previsão. A mesma experiência diz-me que, no caso da história #2, o dia seguinte será enérgico e mais produtivo. E é óbvio que estou simplesmente a alucinar, e que cada caso é um caso. Mas mais importante do que saber se o dia seguinte será menos ou mais produtivo, é ter a convicção de que, no caso da história #2, a probabilidade de se estar inundado por emoções positivas, como por exemplo bem estar geral, curiosidade pela experiência e aprendizagem, motivação e alegria, estímulo positivo pela concretização pessoal ou profissional, diria até que um certo estado de felicidade, é largamente superior. A capacidade que temos de agir de forma assertiva e nos sentirmos bem com nós próprios e com aquilo que fazemos depende grandemente das histórias que contamos. Sim, as histórias oferecem-nos a possibilidade de criarmos uma realidade fantástica à nossa volta. Não se trata de camuflar o que está menos bem, nem de deixar de reparar no que fizemos mal, seja qual for o critério que se esteja a utilizar para se fazer essa avaliação, mas para criarmos um contexto de auto-confiança, capacidade de agir, aprender com o que fazemos, observarmos os processos e seguir em frente, fazendo diferente ou simplesmente melhor. As histórias servem para nos ajudarmos a sermos melhores hoje do que fomos ontem. Servem para nos ajudar a criar laços e a gerar motivação na direcção do que pretendemos fazer e concretizar. As historias servem para tornarmos os nossos dias absolutamente incríveis, diria até que mágicos e cheios de cor. As histórias têm o poder de transformar a nossa apatia em energia, a nossa indiferença em interesse, a nossa impotência em ação, a nossa incredulidade em curiosidade pelo que pode estar do outro lado, as impossibilidades em novas possibilidades. As histórias são uma ferramenta incrível . Usa-a bem, e sem moderação! Ao longo das minhas diversas experiências profissionais, tenho tido a oportunidade de lidar com diferentes realidades e áreas de negócio. Nessas experiências fui chefiado e liderado, e também chefiei e liderei.
Uma das grandes aprendizagens que fiz ao longo deste percurso foi o grande benefício do desenvolvimento de equipas até ao ponto da minha "inutilidade". Inutilidade?!? Mas como é isso? É muito simples... Observei situações em que os chefes guardavam para si as chaves do sucesso, os segredos do negócio, e mantinham equipas eficazes mas pouco eficientes. O resultado era equipas que produziam segundo as direcções do chefe, mas que na sua ausência ficavam perdidos e sem saber o que fazer. Eram dependentes, pouco criativos e normalmente incapazes de lidarem com novos desafios. A longo prazo, os impactos negativos na organização faziam-se notar, e lentamente se tornava uma organização de pessoas minúsculas, cujo valor acrescentado era nulo e o peso enorme. O chefe, esse, era o herói, pois sem ele nada se fazia. Observei também situações e que os líderes partilhavam conhecimento, entregavam, pouco a pouco, as chaves do sucesso, os segredos do negócio, e mantinham equipas motivadas que, por sua vez, produziam com eficiência e eficácia. Isto não é assim tão linear, pois existiam também experiências, que podiam resultar em desfechos indesejados. Mas o reverso desses pequenos passos atrás são equipas com conhecimento, experiência, e capazes de lidar com novos desafios, pois crescem à medida que desenvolvem os seus recursos, as suas competências - tornam-se líderes deles próprios. Os impactos positivos na organização fazem-se notar a médio/longo prazo, pelo seu valor acrescentado e capacidade de ação rápida sobre os diferentes contextos. São equipas normalmente auto-confiantes, com atitude positiva e focada nos objectivos, com elevado desempenho e vontade de dar mais um passo em frente. O líder torna-se uma referência importante na equipa, e a sua participação no dia-a-dia verifica-se necessária apenas em situações muito pontuais. Desta forma, pode-se dedicar a outras áreas do desenvolvimento da organização sem que o nível de desempenho da equipa sofra com isso. E é aqui que se começam a desenhar novas estratégias e a optimização dos processos internos. A organização torna-se, assim, uma organização de gigantes. Estas duas observações, baseadas nas diferentes equipas que observei em várias organizações como na minha experiência pessoal com chefes que tive e líderes que me lideraram, levou-me a desenvolver os elementos das equipas que eu geria, habitualmente com perguntas... o que também foi uma aprendizagem interessante. As perguntas devem ser cuidadas e bem colocadas. Perguntas chatas aborrecem, e eu fiz muitas. Perguntas negativas afastam. Perguntas despropositadas desnorteiam. As perguntas devem ser certeiras no sentido de ajudar e incentivar a equipa a criar as suas próprias respostas aos eventos, às diferentes situações, desenvolvendo a sua capacidade de criatividade e tomada de decisão. Os resultados, por vezes podem não ir ao encontro do desejável, e é preciso estar-se ciente das situações em que estejamos dispostos a "perder". Mas essa "perda" é temporária e tem um propósito muito significativo - a aprendizagem com o erro é uma das maiores que podemos ter, se nos derem espaço para isso e nos guiarem nesse processo de aprendizagem. Acompanhar a equipa ao longo deste processo de tentativa-erro com positivismo e observação atenta aos processos é fundamental, de forma a capitalizar essas experiências em pessoas mais capazes e confiantes, conscientes das suas acções. Na minha experiência, a minha participação nas decisões da equipa nos mais diversos contextos foi-se tornando uma mera formalidade, e a minha "inutilidade" permitiu-me tempo disponível para desenvolver novos processos úteis à organização, e ter férias bem mais descansadas. E estes dois factores foram determinantes no sucesso da equipa, nos resultados para a organização e também no meu sucesso profissional, As equipas com que tive a oportunidade de trabalhar eram compostas por autênticos gigantes! E isto tenho a agradecer aos excelentes exemplos de liderança que fui encontrando pelo caminho. "A esperança é a última a morrer" - dizem alguns. Há umas semanas atrás, assisti a uma dissertação sobre a esperança por parte de um filósofo que me pareceu trazer uma nova perspectiva sobre este sentimento. Ter esperança é, para este senhor, uma demonstração de falta de responsabilidade e capacidade de acção, além de gerar estados emocionais desinteressantes. Fiquei curioso sobre essa abordagem e comecei a explorar o meu próprio sentimento de esperança, e de quais poderiam ser as bases inconscientes para esse sentimento.. E ao explorar esta matéria, descobri que já tinha chegado a conclusões semelhantes Eis as conclusões a que cheguei, no meu caso pessoal:
Então, a esperança parece surgir quando algo se instala a ilusão de um desejo que não depende de nós ou, dependendo, não estamos dispostos a pagar o preço das ações necessárias à sua concretização. É fácil, porque nos desresponsabilizamos dos nossos resultados, e activamos a esperança. Parece nobre - "Eu tenho esperança!" - mas é apenas uma ilusão. Porque se o queremos de facto, fazemos. E se não o podemos fazer, então talvez estejamos focamos na coisa errada. Curiosamente, desde há alguns anos que deixei de ter esperança como tinha antes. Desde 2012 que tenho vindo a sedimentar a crença de que somos, efectivamente, responsáveis pelos nossos resultados, sejam eles quais forem, e que se não temos os resultados que desejamos, é porque não estamos a ter os comportamentos adequados aos mesmos, embora perfeitos no seu próprio tempo e contexto. Considero-os como experiências e oportunidades de aprendizagem e crescimento. Os exemplos de boas práticas para o que quer que queiramos abundam, e o acesso à informação nunca foi tão fácil como agora. Por outro lado, desde essa altura, 2012, que tenho colocado cada vez menos foco em coisas sobre as quais não posso operar, sentindo-me mais leve e tranquilo no dia-a-dia que anteriormente. Arrelio-me menos, frusto-me menos, e mais facilmente aceito o que é tal como é, aprendendo a lidar apenas com o que realmente é importante e sobre o que posso e estou efectivamente disposto a alterar..
Comunicares sempre da mesma forma garante três resultados:
Há momentos em que a comunicação não passa, e instala-se uma sensação de esforço e incompreensão, levando muitas vezes à frustração ou irritação.
O que se passa é muito simples... está-se a utilizar uma estrutura de comunicação inadequada ao contexto e ao receptor da mensagem, ou receptores. Seja numa conversa a dois, pessoal ou profissional, ou numa reunião ou apresentação com diferentes intervenientes, tenho observado com curiosidade tanto a inadequação como a adequação da comunicação, assim como os resultados que dela se obtêm. A solução mais simples passa pela observação do que está a acontecer... não só connosco, mas também com o receptor da mensagem. Mas como é que isso se faz? Em primeiro lugar, mantendo presentes a intenção da comunicação:
E em seguida, uma descrição do que está a acontecer, obtendo-se pistas preciosas sobre:
Com base nessa observação, será mais fácil adaptar a estrutura de comunicação ao receptor da mensagem, obtendo-se assim fluidez no processo e maior probabilidade de sucesso. Comunicar o que queremos pode ser fácil quando... lemos o público e nos adaptamos! Uma das situações que observo nos relacionamentos, sejam profissionais ou pessoais, é a falta de clarificação das questões quando existem pontos de vista divergentes ou sentimentos incomodativos. Por exemplo,
Estes sentimentos são importantes e reveladores de algo... mas que algo? Os sentimentos resultam de interpretações e julgamentos face a determinados comportamentos observados, ou da percepção dos mesmos. Quando não existe consciência e atenção à origem desses sentimentos, aquilo que permanece é apenas o resultado das suas interpretações e julgamentos, que muito provavelmente ocorreram a um nível inconsciente quando mapeados para outras situações passadas semelhantes (e que pouco ou nada têm a ver com o que se passa agora) e posteriormente generalizadas (por outras palavras, uma ou poucas ações passam a ser o todo). Ou seja, entra-se num ciclo do qual é difícil sair e resolver, porque:
O que está a faltar na exposição destes sentimentos?
Falta, precisamente, a receita que dá origem aos sentimentos expostos. Por vezes, diria eu que na maioria das vezes, estes sentimentos estão baseados em informação escassa e incompleta. Continuando nestes mesmos exemplos.
Se estas situações não forem devidamente abordadas, há basicamente duas coisas que podem acontecer:
Existem muitas outras perguntas que poderíamos aqui colocar dependendo de cada caso e das respectivas respostas, sendo estas um bom princípio para chegar a observações que possibilitem a ação positiva e a construção de entendimentos eficazes. A colocação destas e de outras perguntas que ajudem a clarificar as situações só promovem o entendimento se as partes envolvidas se entregarem ao processo com a intenção de as resolver, O entendimento, por sua vez, não implica acordo sobre as situações, mas garante que as artes estão cientes da posição de cada uma e, mais importante ainda, do que as motiva a ter certos e determinados sentimentos. Isto promove não só relacionamentos actuais fluídos e eficazes, como ajuda na construção de relacionamentos futuros saudáveis. Os sentimentos são importantes, tal como referido no inicio deste artigo. São sinais que nos guiam, e fundamentais à nossa orientação. Porém, por vezes baseiam-se em dados insuficientes (que outras coisas não estão a ser consideradas) ou incorrectos (como sabes que a intenção da outra pessoa é aquela que acabaste de afirmar). É importante observar a estrutura que dá origem a esses sentimentos, e trabalhar a partir daí. Que tenhas bons relacionamentos, fluídos, eficazes... saudáveis :) "A simpatia e o sorriso, quando sinceros, abrem mais portas que a exigência e a arrogância."3/2/2017 Nos últimos dias fiz algumas observações que resultaram na frase que faz o título desta publicação. Observei que podemos lutar contra o que discordamos, e ver portas a fechar. Observei que podemos fluir no que é, influenciando mudanças à nossa volta, e ver portas a abrirem-se para novas possibilidades e oportunidades. Nada, jamais, será exactamente o que desejamos que seja... serão diferentes, e umas vezes menos apetecíveis e outras muito mais interessantes do que alguma vez imaginámos. E esta descoberta só acontece quando nos libertamos e abrimos às possibilidades infinitas do que pode ser, quando for, no seu momento certo. O que quer que seja que aconteça... na simpatia ou na exigência, no sorriso ou na arrogância, será apenas um resultado, resultado esse que deriva de um percurso de stress e mau estar, ou de serenidade e bem estar. A minha experiência pessoal diz-me que, não só o percurso é mais prazeroso, como a longo prazo os resultados são manifestamente positivos. "Se eu perguntasse às pessoas o que querem, elas teriam respondido 'cavalos mais rápidos'!"
~ Henry Ford Efectivamente, há uma diferença entre aquilo que as pessoas dizem querer, e aquilo que acabam por escolher. O motivo encontra-se relacionado com algo mais profundo que a simples racionalidade ou um sentido desejo... há algo na nossa forma de estar que nos leva a escolher fazer coisas que o simples desejo ou a pura lógica racional nos dita. Isto é válido para, literalmente, toda e qualquer situação, na vida pessoal e profissional. No desenvolvimento de produtos e serviços, nas campanhas de marketing, no que colocamos no carrinho de compras, nos actos mais básicos e comuns como fumar, correr, dançar ou beber. As nossas auto-impostas limitações (crenças e valores), o conhecimento (limitado) que detemos sobre determinada coisa, a capacidade criativa (ou falta dela) levam-nos a escolher determinada coisa até que algo disjuntivo surge à nossa frente. E isto é apenas a superficialidade óbvia da situação. A descoberta de como tudo isto acontece esconde-se atrás do nosso comportamento, que tantas vezes descuramos e do qual nem damos conta. A forma como processamos a informação, as associações que estabelecemos entre coisas distintas, o significado inconsciente que atribuímos a cada coisa, são preciosas pistas para definirmos o que efectivamente queremos a cada momento. E se queres vender, seja uma ideia, um produto ou um serviço, há que dar atenção a estes valiosos pormenores. Se queres mudar alguma coisa em ti, são estes os pontos aos quais deves dar a máxima atenção. Talvez a primeira abordagem se centre no treino de cavalos mais rápidos. Mas se observarmos o que está a sustentar este pedido, facilmente descobrimos que a rapidez é o que se pretende atingir, através de cavalos ou qualquer outro meio. E esta é a diferença entre a inovação incremental e a inovação disruptiva. “As pessoas não sabem o que querem, até lhes mostrarmos.” ~ Steve Jobs O que dizer do Marketing?
Parece ser consensual que faz falta e tem uma importância enorme no sucesso de qualquer projecto, seja ele qual for. Um projecto interno precisa de ser bem vendido internamente. Um projecto externo precisa de ser bem vendido aos potenciais clientes. Apesar disso, vemos ideias brilhantes perderem terreno por serem pouco trabalhadas nesta área. Por experiência própria, que aposto pouco no meu marketing profissional (publicito-me essencialmente nas minhas páginas facebook, neste site e nalguns eventos em que participo, apesar de ter também uma conta LinkedIn) noto claramente a importância que esta área tem. Não é a mais importante, é igualmente importante! Boas ideias sem marketing morrem na praia. Más ideias com bom marketing morrem um pouco mais tarde ;) Bom marketing sem ideias que o fundamentem não chega sequer à praia! Então, como fazer? Eis um exemplo: A Universidade do Minho copromoveu o projecto Solar Tiles em 2008, com o qual ganhou um prémio de inovação e desenvolvimento tecnológico. O projeto incide no desenvolvimento de protótipos funcionais de produtos cerâmicos fotovoltaicos integrados, de alta eficiência, para revestir edifícios (telhas e revestimentos exteriores de fachada) que incorporem filmes finos fotovoltaicos de última geração. O projecto tem vindo a ser referido apenas em meios especializados na indústria, mas sem grande projecção de mercado. Todas as publicações que encontrei são essencialmente numa vertente mais académica. Mais informações sobre este projecto aqui. Em comparação, temos o arrojado Elon Musk, que usa o Desperate Housewives para promover o seu próximo projecto ligado a telhas fotovoltaicas para tornar as casas auto-suficientes em termos energéticos, salientando os benefícios de um futuro integrado que permita aos consumidores o carregamento das suas viaturas com energia renovável. As telhas, ao serem combinadas, criam uma imagem única, e cada telhado terá um aspecto único. É uma promoção que cria impacto no público em geral com benefícios claros que toda a gente entende, é dinâmica, e toca não só os interessados em saber mais tecnicamente sobre o projeto como cria a ideia de que "isto é mesmo para avançar a uma grande escala de mercado". Alguma informação aqui. Desconheço as características técnicas de um e outro projecto, e desconheço também a sua viabilidade a médio prazo... mas a julgar pela forma de promoção dos respectivos projectos, algo me diz que, a existir sucesso (e tudo indica que sim), será o Elon a liderar o mercado. A pergunta é: o que podemos aprender com isto e como podemos fazer diferente daqui em diante?
- "Sabes... eu eu pudesse ficar aqui contigo, eu ficava..."
- "E se eu não quiser ficar aqui? Por vezes parece que o mundo lá fora chama por mim... que me sussurra que há algo mais para ver e viver... talvez pudéssemos ir juntos, explorar, descobrir, viajar até um lugar onde nos sentíssemos realmente bem..." - "Bem... há um lugar que me falaram e... é um lugar onde as montanhas desaparecem debaixo do mar, os vales são verdes e férteis, e a água é tão pura que consegue lavar qualquer passado... e podes começar tudo de novo..." - "Gostava de ir lá comigo." - "Um dia levo-te lá..." - "Um dia!" - "ahãamm" - "Um dia?!?" - "Algum problema?" - "Disseste um dia...." - "Sim... um dia..." - "...não amanhã, nem para a semana nem no mês que vem... apenas um dia... um dia parece algo que as pessoas dizem quando na verdade querem apenas dizer 'nunca'."" - "Mas..." - "Vamos... não um dia, mas ... vamos agora!" Na vida pessoal ou profissional, há algo de fundamental para o sucesso:
> conhecer-se a si próprio! As empresas de maior sucesso sabem exactamente o que são, quais os seus valores, a sua missão e a direcção que querem seguir. E vivem, diariamente, através das suas mensagens e das suas ações, todos esses princípios. O sucesso acontece não por magia ou sorte, como parece ser o caso tantas vezes, mas sim como uma consequência natural desse alinhamento entre a sua essência, as suas resoluções e as ações no terreno, refrescando frequentemente todo o ciclo com vista à sua evolução. Tudo isto só pode ser possível com o envolvimento de toda a organização, desde a gestão à operação, contagiando dessa forma os clientes e fornecedores. Não é assim de estranhar que, nos casos individuais, a nível pessoal ou profissional, os mesmos princípios se apliquem: - Se não sabes porque vais, será que estás a realizar os teus interesses? - Se não sabes para onde vais, como sabes que lá chegaste? William Ury, no seu discurso no TEDxMidwest em Outubro de 2010, partilhou uma história muito interessante e que passo a seguir.
Quantas problemas na tua vida passam pelos 17 camelos, sem qualquer solução viável aparente? Afasta-te do problema, observa-o de longe, e encontra o 18º camelo que tornará tudo mais simples e objectivo. Boa semana! Curiosidades:
Existem outras histórias semelhantes baseadas em dois livros:
Se pudesses mudar uma palavra no teu discurso, que mudaria o teu estado, o estado da outra pessoa, o contexto e, por consequência, os teus resultados e os da outra pessoa... a tua vida seria, certamente, mais significativa do que é hoje. E a da outra pessoa também!
Ah... e podes mudar! ;) Normalmente observamos as nossas características menos satisfatórias, como por exemplo:
Tanto a avaliação "Isto é mau" como a pergunta "Porque sou assim" reforçam o lado menos positivo de qualquer dessas características. E as respostas normalmente são condicionadas pela qualidade das perguntas que colocamos. "Isto é mau!" É uma avaliação que pode ser aplicada num dado contexto em que o resultado do comportamento não era o desejado. Então, avalia-se o comportamento como mau. Pior, assume-se que o comportamento é mau em qualquer circunstância. Ao invés de uma avaliação absoluta, talvez possas afirmar algo do género:
"Porque sou assim?" Esta é uma pergunta para a qual o teu sistema vai encontrar respostas, mesmo que falaciosas. O teu sistema vai sempre justificar o lado positivo da pergunta. Logo, se perguntas porque é assim, o teu sistema não te vai contrariar, e vai encontrar respostas que reforcem o ser assim. Ou seja, és assim porque... Ao invés de perguntares "Porquê", experimenta perguntar "Como". Por exemplo, como é que fazes para:
Outra perspectiva é observares o que esse comportamento poderá significar. Por exemplo, o que significa perder o foco? Será que procuras diversidade? Será que procuras emoções diferentes? Será que tens uma tendência natural para a criatividade? Será que sentes não ter tempo a perder com coisas que já conheces? Observa o lado positivo desse mesmo comportamento, e em que contextos esse mesmo comportamento te pode ser útil e trazer os resultados que queres ver na tua vida. Todos nós temos diferentes características e em doses variáveis. É ao aceitarmos essas características e ao aprendermos a lidar com elas, a usa-las devidamente e a integra-las no nosso dia-a-dia, que podemos melhor atingir os nossos objetivos. Ou seja, em vez de recriminares os eus comportamentos e os recusares (ou lutares contra eles), aceita-os, abraça-os e aprender a usa-los nos seus devidos contextos. Relaxa... está tudo bem contigo! ´Es uma pessoa perfeitamente normal. Jovem: - Gosto muito de ler histórias de vida... aprende-se muito com a experiência dos outros.
Mestre: - Talvez um dia possas também escrever sobre a tua vida... para inspirares outras pessoas. Jovem: - Eu sou leitor, não sou escritor... Mestre: - Como sabes? Já experimentaste? Jovem: - Bem... na verdade... não. Mestre: - Só saberás depois de o fazeres... várias vezes! Jovem: - Várias? Mestre: - Sim... várias. Não aprendeste a andar de bicicleta na primeira tentativa, pois não? Jovem: - Sim... não. De qualquer forma, a minha vida também não é assim tão interessante... Mestre: - A sério? Jovem: - Sim... é... normal. Mestre: - Isso é interessante! Jovem: - É interessante eu ter uma vida normal?!? Mestre: - ...é interessante a tua crença de que tens uma vida normal... Ao longo do tempo, transformámos a linguagem em algo mais que uma mera descrição percepcionada dos contextos em que nos inserimos. Por um lado, isso trouxemos a capacidade de transmitir sonhos, desejos e ideias. Por outro, criou uma espécie de fusão entre aquilo que percepcionamos e aquilo que somos, gerando a possibilidade de influenciar massas e criar movimentos. Ao longo do tempo, a linguagem ganhou corpo, massa, forma e a capacidade de mudar corpos físicos. Na verdade, a linguagem não faz nada disso. É somente uma estrutura criada com o fim de comunicar coisas com recurso ao som ou representações gráficas às quais chamamos de escrita. A responsabilidade da mudança, do impacto, da influência, está em cada um de nós. Como poderei eu sentir-me inspirado pelas tuas palavras? Como poderei eu sentir-me ofendido caso decidas dirigir-me algumas palavras depreciativas? Isso só acontece caso eu decida, consciente ou inconscientemente, participar na tua comunicação. E se eu decidir fazer isso, o meu estado emocional, seja ele qual for, não será o resultado da tua linguagem, e sim das minhas representações internas que eu escolho atribuir, naquele momento e contexto, à tua linguagem. E são essas minhas representações internas, os significados que lhes atribuo, que promovem a alteração do meu estado emocional. Em suma, eu altero o meu estado emocional Mas hoje, estamos profundamente envolvidos com linguagem. Ela passou a ser algo mais que um conceito abstrato cuja utilidade vai muito além da descrição de coisas, passando a assumir formas de tocar e criar impactos nos outros. Sabendo isto, mesmo que a um nível muito inconsciente, escolhemos tantas vezes puxar para o nosso enredo diversas pessoas à nossa volta com a intenção de as influenciar, seja em que sentido for, E sabendo isto, dizemos, intencionalmente ou não, tantas palavras com o fim de provocar, na outras pessoas, determinadas emoções.. E sabendo isto eu aconselharia, tal como Milton Erickson afirmou numa entrevista, que escolhas bem as tuas palavras, pois elas poderão ter um forte impacto naquele momento, assim como a vinte anos após as teres proferido. E aquilo que eventualmente estarás a sentir agora não é efeito destas palavras que aqui lês, e sim das representações que crias ao juntares estas letras em palavras e essas palavras em frases, às quais atribuis os significados que, para ti, melhor sentido fazem face à tua experiência, cultura, estado emocional actual e o teu sistema de crenças. Da minha parte, declaro-me apenas responsável pelas ideias que pretendo transmitir, de que és livre de aplicares os significados que aqui escolheste associar e de sentires aquilo que sentes agora, independentemente daquilo que eu aqui escrevi. Proferir palavrões como reação a uma situação incómoda e irritante é uma atitude bastante comum nalgumas pessoas. Por exemplo, entalam um dedo na porta e lá sai um ou vários impropérios, normalmente dirigidos à porta que não teve culpa nenhuma. É bastante comum e, por norma, ajuda a aliviar o sintoma de revolta, raiva, frustração, ou seja qual for a emoção que se eleve ao espírito humano. Não resolve, nem ajuda a encontrar soluções para a situação em si. Nalguns casos até piora. Mas não são os impropérios, os afamados palavrões, que fazem bem ou mal. São apenas e só palavrões. É a forma e o significado que lhes atribuímos. A energia que colocamos nas palavras faz toda a diferença, a diferença entre o libertar de uma emoção e o abrir espaço para criarmos um estado menos positivo nas nossas vidas. A palavra em si, é irrelevante, e pode até nem ser um impropério para o resultado final ser igualmente negativo.. Porque utilizamos esses impropérios, ou simples nomes de denegrir outrem? Chamamos um nome à porta e sentimo-nos melhor porque imaginamos que a porta se sinta mal ao assimilar a sua nova e baixa identidade. Afinal, era isso mesmo que queríamos. Que ela sentisse uma ponta da nossa infelicidade. Chamamos um nome àquele mamífero que nos cortou repentinamente o percurso na estrada porque nos queremos sentir melhor, ao fazer com que ele, na nossa imaginação, se assemelhe a um ser inferior de alguma espécie, se é que isso existe. E ele nem ouviu os nossos impropérios. Está tudo na nossa imaginação. E e aqui que reside a busílis da questão. Quando proferimos esses impropérios dirigidos a outra pessoa, ou ao objecto inanimado, talvez estejamos, de facto, a criar um estado menos positivo para nós próprios, e com isso a piorar a nossa experiência de vida. É certo que, naquele instante, acreditamos no alívio momentâneo do acto, mas refiro-me a médio e longo prazo. O que será que sucede no nosso sistema ao criarmos estas ilusões negativas sobre os outros? É que uma coisa é soltar um "Foda-se!" (libertação), outra completamente diferente é chamar a alguém disto ou daquilo (julgamento). Será que, ao julgarmos negativamente, estaremos a criar, a abrir, inconscientemente um espaço para a negatividade se instalar na nossa vida? Alguém disse um dia que libertar palavrões podia ser sujo, mas que certamente criava um bom fertilizante para germinar novos e construtivos estados emocionais. Julgar os outros de forma negativa, e como diz um grande amigo, já se pode assemelhar a tomar um veneno na esperança de que o outro morra. Ao invés disso, proponho uma alternativa... e que tal ressignificar? Com palavrões ou sem palavrões de libertação emocional, experimenta ressignificar o que está a acontecer, e observa o que acontece em ti. Usa a tua imaginação. Recria a tua vida para melhor. |
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